domingo, 18 de agosto de 2013


Era do tipo que na falta de receber mensagens interessantes, mandava email pra si mesma. Músicas, poemas, uma frase bonita, lembranças cotidianas, datas de aniversários, listas infindáveis do que não deveria esquecer ou do que deveria ser, o dia do casamento dos dois, as compras do mês, as novidades de uma loja barata, dicas de viagens que nunca fizera, uma receita de bolo, mesmo não sabendo cozinhar. Era do tipo que se não tivesse alguém por perto pra compartilhar sua pequena existência, inventava pra si um universo mágico e que ninguém entrava. E vivia achando que não era entendida. Pensava mesmo que ninguém sabia viver e que as pessoas haviam esquecido o que era amor. Mas mesmo assim escrevia pros seus amigos dizendo o quanto os amava e que a falta deles a machucava muito. Também era do tipo que não tinha mais paciência e que se irritava facilmente. Muitas questões a deixavam louca. Não entendia porque todos queriam saber de coisas tão insignificantes, se o mais importante era o que não era dito. Mas tudo isso durava muito pouco, já que era do tipo que se distraia facilmente. Voltava a fazer o que havia começado, mas nunca havia de terminar, porque se arrependia e fazia tudo outra vez. Era do tipo que ouvia a mesma música triste um milhão de vezes e chorava bem baixinho lembrando dos tempos em que tudo era muito menos complicado. Lembrava do passado e achava que era a criatura mais infeliz da terra, porque o mundo já não era mais mundo. E sim essa coisa cheia de gente egoísta. Era do tipo que jurava pra sempre que nunca mais iria falar palavrão, mas que depois de cinco minutos esquecia todas suas promessas infantis de ser alguém mais legal e esbravejava tudo outra vez. Era do tipo que não era fácil, mas que morria de amor pelos outros mais do que os outros por ela, porque era assim que ela sabia amar: morrendo.
Texto de Ana Paula Magalhães em http://confeitariamag.com/anapaulamagalhaes/tipo/

lunes, 18 de junio de 2012

Olá silêncio!

O retorno de Ulisses - Giorgio de Chirico (Vólos, Grécia, 10 de julho de 1888Roma, 20 de novembro de 1978) também conhecido como Népoli, foi um pintor grego. Fez parte do movimento chamado Pintura metafílistica, considerado um precursor do Surrealismo.


Embora não possa criar a realidade, posso tentar organizar e modelar a matéria caótica existente em mim, sem olhar para o externo. Portanto, me volto a mim, como um homem só numa casa. Olá silêncio!

No soy nadie sin ti!!!




Como un haz de luz dentro de un silencio te pude ver, ha pasado tanto tiempo desde entonces nunca me has dejado ni te malgasté, ni te lloré, fue por darte tantas cosas que nunca habia dado. Tengo tanto que quisiera compartir, pero a veces no se que es lo que hay que hacer, caminando siempre por ningún lugar mis palabras se repiten sin sentido pero sé. Tranquilo al pasar por un desierto, tuve tanta sed y me diste la promesa que siempre yo te habia dado, me olvidaste mal, yo no te conte cuantas veces me escapaba y tu siempre te escapaste al lado. Que no soy nadie sin ti...

domingo, 25 de diciembre de 2011

Pero hay algo que es de ley, él que rompa pagará y se llevará los cachos de esta cruda realidad. Cada luna llena al mes, sola te preguntarás como de feliz seria nuestra vida, yo solo le pido a dios que te cuide y que te de todo lo que tú le pidas, pero te lo de alrevez,  ahora me despido yo. Atentamente: nunca tuyo.





sábado, 17 de diciembre de 2011

Instante

Neste instante por ligaduras de afeto, por me chamares de louco, velho e insuportável, torno-me palavra tua, muito aparentada com asa ou com fogo, montanha de pedra, boca minha na tua boca, faço-te o enorme presente deste aviso: ama somente o que te é parecido, não grudes a tua carne a espuma do pensamento de outro homem, liga-te somente a mim, que te tenho por direito, e a noite encolho-me ferido porque te penso e nesse instante não te tenho.

sábado, 19 de noviembre de 2011

viernes, 11 de noviembre de 2011

Ausência de ser o que não se é!!!

Frederick Leighton 1830-1896


Balanço-Gólgota do Sistema, Otimização Satisfatório Satisfaciente, verdura-rúcula-de-prata na bandeja de nós dois.

sábado, 15 de octubre de 2011

Noite!!!



A noite fecundava o ovo dos vícios...
Tal uma horda feroz de cães famintos,
atravesssando uma estação deserta,
uivava dentro do "eu", com a boca aberta,
a matilha espantada dos instintos...

Augusto dos Anjos

Do amor

Costuro o infinito sobre o peito
e no entanto sou água fugidia e  amarga
Eu sou crível e antigo como aquilo que vês:
Pedra, frontões no todo inamovível
Terno, me adivinho montanha algumas vezes,
Recente, inumano, inexprimível.
Costuro o infinito sobre o peito.
Como aqueles que amam.

jueves, 1 de septiembre de 2011

Pedido?


Vem sentir o calor dos lábios meus a procura dos teus. Vem matar essa paixão que me devora o coração e só assim então serei feliz, bem feliz.

lunes, 25 de julio de 2011

Antes que julho termine...

Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...
Florbela

lunes, 20 de junio de 2011

EN LA DOLIENTE SOLEDAD DEL DOMINGO...


Aquí estoy,
desnuda,
sobre las sabanas solitarias
de esta cama donde te deseo. 

Veo mi cuerpo,
liso y rosado en el espejo,
mi cuerpo
que fue ávido territorio de tus besos,
este cuerpo lleno de recuerdos
de tu desbordada pasión
sobre el que peleaste sudorosas batallas
en largas noches de quejidos y risas
y ruidos de mis cuevas interiores. 


Veo mis pechos
que acomodabas sonriendo
en la palma de tu mano,
que apretabas como pájaros pequeños
en tus jaulas de cinco barrotes,
mientras una flor se me encendía
y paraba su dura corola
contra tu carne dulce. 


Veo mis piernas,
largas y lentas conocedoras de tus caricias,
que giraban rápidas y nerviosas sobre sus goznes
para abrirte el sendero de la perdición
hacia mi mismo centro
y la suave vegetación del monte
donde urdiste sordos combates
coronados de gozo,
anunciados por descargas de fusilerías
y truenos primitivos. 


Me veo y no me estoy viendo,
es un espejo de vos el que se extiende doliente
sobre esta soledad de domingo,
un espejo rosado,
un molde hueco buscando su otro hemisferio. 

Llueve copiosamente
sobre mi cara
y solo pienso en tu lejano amor
mientras cobijo
con todas mis fuerzas, 
la esperanza.

Gioconda Belli

miércoles, 25 de mayo de 2011

Eu não quero acordar de você!



Jaques-Alexandre Chantron (1842-1918)
Foi maio sim e nunca mais esqueço.
A palavra chamada amor
A saudade despedaçada
Tua boca em mim
Teu peito aberto ao meu apego
As palavras mudas e silenciadas
O desejo de te amar até que nada mais eu seja
E se um dia teu amor me faltar
Não me adianta mais viver
Eu pedirei pra voltar no tempo
E parar naquele exato momento
Em que eras meu
E dizer-te
Que ser teu me faz feliz
E se um dia eu descobrir que ando sonhando
Te imploro:
Eu não quero acordar de você.

sábado, 30 de abril de 2011

As ruas lembrarão de mim?



Quando meu corpo não estiver mais aqui
Me pergunto
Se essas ruas que hoje ando
Lembrarão meu nome
Se as paredes antigas suspirarão de saudade
De mim
Se o céu será o mesmo
Se as águas ainda se moverão
E onde estarei?
Me pergunto
Se todos os lugares onde por onde
Passei
Sentirão saudade de mim
Ou sussurrarão meu nome
Pensarão em mim
Com a mesma intensidade que penso
Em ti...

lunes, 18 de abril de 2011

Melendi
"Quiero que no vuelvas a verme desnudo, a mi corazon se le hace un nudo, si me aprietas como una tenaza, atenaza mis nervios, que ya no son de hierro son de lana, cuando me miras me vuelvo cordero y cuando no me miras no soy nada".

jueves, 14 de abril de 2011

Devolva-me o Neruda que você me tomou e nunca leu!

Foto: Aymeric Giraudel


Pensei morrer, senti de perto o frio,
e de quanto vivi só a ti eu deixava:
tua boca era o meu dia e a minha noite terrestres
e a tua pele a república fundada por meus beijos.

Nesse instante acabaram os livros
a amizade, os tesouros sem trégua acumulados
a casa transparente que tu e eu construímos:
tudo deixou de ser menos os teus olhos

Porque o amor, enquanto a vida nos acossa
é simplesmente uma onda alta sobre as ondas
mas ai quando a morte nos vem tocar á porta

Só existe o teu olhar para tanto vazio,
só a tua claridade para não seguir sendo,
somente o teu amor para encerrar a sombra.
 

Pablo Neruda

Vine a este mundo con ojos y me voy sin ellos!!!



Teu corpo destoa
Como uma casa vazia
Esqueci como tuas mãos me
Satisfaziam
E como dói em mim
Esse te querer tanto
Das minhas mãos
Só vejo sinais
Sem rumo
Sigo a água que me leva
Água dos olhos
Nem sou mas
Eu
E a vida
Que te dei
Não é mais
Minha
E pra todos
Os rostos
Que vejo na imensidão
Todos tem sua imagem vergada
E hoje
Eu sou um vácuo lancinante
Quando te vejo passar
Com outro alguém
Eu
Vim ao mundo com olhos
Mas vou embora sem eles
Não te quero ter
Nem te quero  ver
Quando passas
Por mim
I N D I F E R E N T E M E N T E...

"Te he visto pasar indiferentemente y ni una emoción se apoderó de mí, te he visto pasar y ni un recuerdo vago vibró en mi corazón cansado de tí, tú sabes muy bien que fuistes mi locura y sabes tambien que tuyo fue mi amor, más nunca jamás perdonaré tu ausencia, tú cruel indiferencia y quiero que tú sepas que has muerto para mí". 
Lecuona

domingo, 10 de abril de 2011

Diários!!!


Carrego comigo
Três chaves
De diários nunca lidos
Todas as paredes
Me levam a imensidão da
Dor
Minha casa é vazia
Minha alma é vazia
Agora
Choro
Minhas lágrimas se tornam
Rio
Onde afogo
Esse
Pranto.

"Como yo te quise nadie te ha querido".

sábado, 19 de marzo de 2011

Hoje não pude dizer pra mim mesmo se houve un "nós" entre eu e você!!!

Georges de La Tour (Março 13, 1593 – Janeiro 30, 1652)-França

Foi Julho sim. E nunca mais esqueço.
O ouro em mim, a palavra
Irisada na minha boca
A urgência de me dizer em amor
Tatuada de memória e confidência.
Setembro em enorme silêncio
Distancia meu rosto. Te pergunto:
De Julho em mim ainda te lembras?
Disseram-me os amigos que Saturno
Se refaz este ano. E é tigre
E é verdugo. E que os amantes
Pensativos, glaciais
Ficarão surdos ao canto comovido.
E em sendo assim, amor,
De que me adianta a mim, te dizer mais?

(Hilda Hilst)

martes, 15 de marzo de 2011

Eu te amo por nós dois!!!

Bretanha - França
Me perdoa amor a indiferença
De ideias vagas mesmo sem ser teu
Mas todas as lágrimas serão sempre minhas
O pranto da infelicidade será só meu
A agonia das noites solitárias
Os domingos tristes e cinzentos
A dor da ausência sentida a teu lado
Me perdoa todo esse amor de mim
E como um sopro vago
Eu sem te ver
A sentir teu desamor
Sem tua boca
Interroga-me
Te imploro
E você nunca precisará me amar
O meu amor será suficiente pra nós dois...


"Lave ma memóire sale dans ce fleuve de boue"...

lunes, 14 de marzo de 2011

Chego onde sou estrangeiro...



Nada é tão precário quanto viver
Nada quanto ser é tão passageiro
É quase como gelo derreter
E para o vento ser ligeiro
Chego onde sou estrangeiro
Um dia passas a margem
De onde vens mas onde vais então
Amanhã que importa que importa ontem
Muda o cardo e o coração
Tudo é sem rima nem perdão
Passa na tua têmpora teu dedo
Toca a infância como os olhos veem
Baixa as lâmpadas mais cedo
A noite por mais tempo nos convém
É o dia claro envelhecendo
As árvores são belas no outono
Mas da criança o que é sucedido
Eu me olho e me assombro
Deste viajante desconhecido
Seu rosto e seu pé desvestido
Pouco a pouco te fazes silêncio
Mas não rápido o bastante
Para não sentires tua dessemelhança
E sobre o tu-mesmo de antes
Cair a poeira do tempo
É demorado envelhecer enfim
A areia nos foge entre os dedos
É como uma água fria em torvelim
É como a vergonha num crescendo
Um couro duro corroendo
É demorado ser um homem uma coisa
É demorado renunciar totalmente
E sentes-tu as metamorfoses
Que se passam internamente
Dobrar nossos joelhos lentamente
Ó mar amargo ó mar profundo
Qual é a hora da preamar
Quanto é preciso de anos-segundos
Ao homem para o homem abjurar
Por que por que esse gracejar
Nada é tão precário como viver
Nada quanto ser é tão passageiro
É quase como gelo derreter
E para o vento ser ligeiro
Chego onde sou estrangeiro

Louis Aragon (Paris, 3 de outubro de 1897 — Paris, 4 de dezembro de 1982) foi um poeta e escritor francês.

domingo, 20 de febrero de 2011

Quando a certeza me visita ou desfaça-se de sua parte que ainda pensa que ama ou ainda mais uma vez e sempre, não adianta mentir...

Iman Maleki (Teerão, 1976 - ) pintor iraniano.


E o que era pra ser não foi, nem será...
E assim termina o que nunca na verdade começou e o meu coração volta ao bolso de onde ele nunca deveria ter saído.

E eu nem sei o que sinto agora.

É como se mais nada fosse tão triste.

Ma Mémoire Sale

Lave
Ma mémoire sale dans ce fleuve de boue,
Du bout de ta langue nettoie moi partout,
Et ne laisse pas la moindre trace
De tout
Ce qui me lie et qui me lasse
Hélas!

Chasse,
Traque la en moi, ce n'est qu'en moi qu'elle vit,
Et lorsque tu la tiendras au bout de ton fusil,
N'écoute pas si elle t'implore,
Tu sais
Qu'elle doit mourir d'une deuxième mort
Alors,
Tue la... encore.

Pleure!
Je l'ai fait avant toi et ça ne sert à rien,
A quoi bon les sanglots inonder les coussins?
J'ai essayé, j'ai essayé
Mais j'ai
Le coeur sec et les yeux gonflés
Mais j'ai
Le coeur sec et les yeux gonflés

Alors brûle!
Brûle quand tu t'enlises dans mon grand lit de glace
Mon lit comme une banquise qui fond quand tu m'enlaces
Plus rien n'est triste
Plus rien n'est grave
Si j'ai...
Ton corps comme un torrent de lave
Ma mémoire sale dans son fleuve de boue
Lave!

Lave!
Ma mémoire sale dans ce fleuve de boue
Lave!
 
(Alex Beaupain)

miércoles, 9 de febrero de 2011

Devolva o Neruda que você me tomou e nunca leu...

Louis Garrel
Onde estás? Notei, para baixo,
entre gravata e coração, acima,
certa melancolia intercostal:
era que de repente estavas ausente.
Fez-me falta a luz de tua energia
e olhei devorando a esperança,
olhei o vazio que é sem ti uma casa,
não ficam senão trágicas janelas.
De puro taciturno o teto escuta
cair antigas chuvas desfolhadas,
plumas, o que a noite aprisionou:
e assim te espero como casa só
e voltarás a ver-me e habitar-me.
De outro modo me doem as janelas.
Neruda

miércoles, 26 de enero de 2011

Saio mais vazio do que entrei!!!


Gustave Caillebotte (Paris, 19 de Agosto de 1848 - Gennevilliers, 21 de Fevereiro de 1894)


Quando o coração insiste
Seja mais forte e persistente
Não amar torna a alma vazia
Amar faz a alma apodrecer
Descobri que o amor e a tristeza são irmãos
Andam juntos
A elaborar planos
A endoidecer a permissão
Exagerar nos sentimentos
Depois de tudo instalado
Quando tudo amanhece em você
Quando a noite torna-se quieta
Chega a espera
Entra então a tristeza
Em suas asas ela traz o abandono, o vazio e a dor
Te imobiliza
E tudo que você deseja é deixar de existir
Confesso: gosto da dor
Essa dor aguda que parece não ter fim
Se me perguntarem porque gosto da dor
Responderei sem hesitar: Prefiro sentir a dor que não sentir nada
E hoje como há muito suspeitava
Não tenho mais coração
E a cada vez que alguém se vai
Eu saio sempre mais vazio do que entrei.

miércoles, 19 de enero de 2011

Todo tempo que não tenho ou a lágrima que nunca seca!!!


"Para ver todo que se ha ido
Amor inexpugnable, amor huido!
No, no me des tu hueco,
Que ya va por el aire el mío
Ay de ti, ay de mí, de la brisa,
Para ver que todo se ha ido. 
(Federico Garcia Lorcar)

Tenho tido quase tudo, tempo que é o mais importante para inventar o que fazer, mas o meu tempo é o do pensar, vaguear, sentir que posso me afastar de mim estando eu sempre a esmo, no mesmo lugar onde me deixei ficar, atônito, opaco, sem viço algum, sem nenhum interesse por mim mesmo, apenas eu ali, num canto qualquer de mim mesmo, solto e ao mesmo tempo preso, as vezes soberbo, as vezes inerte, outras vezes lacrimejante. 

Assim, entro eu numa nova década de espera. "Espera", palavrinha presente e vaga, porque não sei por onde esparar a espera, não sei onde começar a procurar. É isso, como não sei o que busco, espero e, nessa espera de não se saber o que se espera e muito menos o que se busca, vou deixando de ser eu e cada vez mais longe de mim, me perco e perdido não posso voltar a mim e sem voltar a mim, não posso mais ser eu e não sendo eu, sou outro e não tenho gostado desse outro que agora sou, já que me perdi e não voltei mais a mim.

E agora? O que faço eu com esse outro? Devo deixá-lo ficar? Ou deixo que ele se perca como eu me perdi? Se ele se perder, virá um outro diferente? E se esse outro diferente que vier não for nada parecido com o primeiro eu que se perdeu e muito menos ainda, bem diferente do eu que agora sou, (me perdi), e que não ando a gostar. Não sei.

Tenho dias bem felizes dentro de mim, mas é uma felicidade presa, porque esse eu, na verdade esse constante de "eus" novos, mutam muito rápido e não consigo distinguir quando tenho um novo eu alegre ou um novo eu triste, assim, a felicidade fica presa em alguma parte, com receio de sair. Já a tristeza chega todas as noites e deita com esses "eus" que agora sou, enquanto o eu que creio está perdido vem em sonhos, esse eu traz consigo sua lembrança, adormeço serenamente como se estivesse em teus braços, mas chega o dia e um novo eu desperta.

Percebo com o tempo que tenho, com todas as noites vazias, que a cada dia sou um eu mais vazio de ti, e  não sei até quando viverei assim, um constante entrar e sair de mim como seu eu fosse muitos, quando creio não ser ninguém. Não tenho respostas, mas sendo vários como sou agora, acredito que te tenho inteiriço como nunca pude te ter. Então que seja assim, serei um novo eu a cada dia, e a cada noite volto a ser eu mesmo, e decreto a mim mesmo que eu possa ser tudo que queira ser, vento, chuva, tempestade, poeira esquecida, livro de poesias, o outro que você beija, água de rio, amanheceres, noite de lua, disco na vitrola, balanço de rede... Serei tudo isso para afastar o que quero ser nesse momento...

Sendo tudo que quero, chegará o momento em que não serei nada, não sendo nada, posso escolher um fim, serei árvore então, sendo árvore por um tempo, terei tempo pra pensar no que não fomos, desejarei  não mais sê-la, deixando de ser árvore, volto a ser outros, todos os outros menos eu, serei todos os outros que possuem tua boca, tua pele, teu corpo, serei sempre o outro e nunca eu mesmo, sendo outros serei sempre teu, mesmo que nunca voltes a mim e nunca mais outra vez e sempre sejas de volta meu, eu sei, diz um dos meus "eus": "eu e você nuca fomos nós".

Mas em meu peito há um pássaro de papel que sempre canta: "que el tiempo de los besos de amor no ha llegado"...

lunes, 17 de enero de 2011

Parar pra pensar, deitar no tapete e olhar o teto.



Esses dias vazios
Tenho você entranhado em mim
Penso em você todo o tempo
E com o tempo que sobra
Eu penso em você mais um pouco.

Todos os dias
Quando estou ao banho
Penso em você
E no chuveiro esqueço se lavei o cabelo

Então lavo o cabelo novamente
Sem saber ao certo se o lavei
Acontece que estou ficando sem champú.

(Verdades cotidianas I)

Antes que janeiro acabe!!!



É tão imenso o vazio de nós dois, que tudo em mim é nada
Trago janeiro na carne como se fosse dezembro
Coleciono novas palavras de mim para o outro
Tenho cadernos vazios e palavras desfeitas em versos tristes
Tudo em mim anda perdido como a vaga
E tua presença sempre a me perguntar o que me resta
E eu?
Ai de mim, sem resposta pra quem sou agora
Me vejo a vagar
E agora meu coração não tem lugar próprio
Não sou mais dono do meu coração
Sou todo coração
Em todas as partes palpito...

Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!

Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente…
Talvez sejas a alma, a alma doente
D’alguém que quis amar e nunca amou!

Toda a noite choraste… e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!

Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh’alma
Que chorasse perdida em tua voz!

Florbela Espanca

viernes, 31 de diciembre de 2010

Se não habito mais teu peito porque sempre entras em mim?

Lucas Cranach, 1472-1553,  Kronach, Alemanha.
Nos últimos momentos que antecedem
A tristeza
Sinto tua ausência em meu peito
Como uma faca fria
A lâmina entra em minha pele
Toda a dor do mundo
Está em mim
Te vejo ir sem me deixar
É quando vejo a tristeza devorando meus dias
Cravando a saudade em meu peito
Apagando tudo em mim
Até que nada mais eu seja.

Meu amor o que você faria se só te restasse esse dia?

Frederic Leighton, 3 dezembro de 1830 - 25 janeiro de 1896

Tudo que tenho
Um enorme tempo de ausência
Um quarto vazio
Uma porta trancada
Um olhar impaciente
E uma esperança morta
A porta jamais se abrirá
Você não voltará
Tenho tédio das horas
Vazias
Amargas
Sem ti
E mais uma vez
Como se eu fosse dezembro
Me torno cinzas
Sem tuas mãos
Sem teu corpo
Sem tua boca na minha
Não quero mais lágrimas
Nem fotos
Nem tua ausência
Nesse último momento
Abro a janela
E deixo que o vento me diga
Que mesmo sem você
Ainda posso ser eu.

jueves, 30 de diciembre de 2010

Quando muitos te olham mas você não vê ou ainda sinto saudade do teu corpo junto ao meu...



Quantas vezes eu te disse
Que só tenho um corpo e uma alma
Pra te oferecer
E tendo minha alma fugido de mim
Restou-me o corpo
O chão
Onde estou
Onde fiquei desde que você se foi
Não há noites que meus olhos não vertam
Tristes lamentos
Saudades que nem sei de onde me vem
Porta estreita
Corpo sem janelas
Teu olhar
Se hoje me perguto quem sou
Só ouço ecos da dor.

lunes, 27 de diciembre de 2010

Que eu não sinta mais o meu coração!!


A dor que arrasto dentro de mim anda maior que eu
Ando perdido e louco pelas ruas
Em todos os vãos vejo teu rosto
E todas as palavras soam teu nome
Tudo ao meu redor representa você
Minha alma adoeceu sem ti
Vi ela sair de mim e morrer
Agora meu corpo verga
E se você um dia voltar pra me procurar
Encontrará meu corpo no chão
No mesmo lugar onde você me deixou sem dizer adeus
No corpo, trago a mesma camisa com teu cheiro
E no coração, mil agulhas cravadas pra disfarçar a dor do peito.

jueves, 16 de diciembre de 2010

Sair de mim e ser o outro ou quando tento ser todos e nada sou.

Lucas Cranach, 1472-1553,  Kronach, Alemanha.
Tamanha tristeza anda em minha alma
Ouço seus passos dentro de mim
Ela passeia em minha pele
Observa por mim
Entra em meus sonhos
Uma angústia avassaladora me aterra
Ando perdido em mim mesmo
Sem saber me encontrar
Sem querer me encontrar
Tenho medo de entrar em mim mesmo
Ando sem mim
Vivo sem mim
Saio de mim pra ser o outro
Os outros
Todos
Menos eu
E nessa loucura que se apossa de mim
Tento ser tudo que sou e não sou nada
E nesses últimos momentos que antecedem a tristeza e a dor que habitam em mim
Te vejo passar
Eu não pude mais ser seu
E assim, sem poder ser
Me perdi
Agora vago sereno
Com os mesmos olhos
Que nada mais podem ver
A dor de não ter você é tamanha
Que hoje percebi
Nem sinto mais o meu coração.

miércoles, 15 de diciembre de 2010

Hoje sou o imenso anverso da sombra de minhas lágrimas!!!

Frederic Leighton, 3 dezembro de 1830 - 25 janeiro de 1896
O que fazer quando a escuridão se aproxima?
Deixar-se ir lentamente?
Sem você me sinto oco.
Frio.
Meu corpo verga e gira, dilacerado ainda se move na ânsia de encontrar tua boca.
E será assim: Estou morrendo de sede de você, mas não te quero mais na minha vida.
Cultivarei a dor e perseguirei o silêncio da noite.

martes, 14 de diciembre de 2010

Dá-me um copo d´água. Água com peixes e barcos!!!

Jean Delville "Misteriosa" 1892

Vejo a noite imensa sobre mim
O vazio que sinto é como a imensidão
Eu só tenho um corpo e uma alma pra te oferecer
E isso não basta
Eu vejo as noites nuas
Carrego versos perdidos
Trago em meu peito largo uma dor de abandono
Me olho sem me vê
Tenho desertos dentro de mim
Meus olhos vergam
Só vejo flores mortas
Janelas vazias
Portas que não se abrem
Pergunto ao tempo
Quando há de cessar tamanha dor
"Yo hice lo que pude
te amé como sabia
y al final de todo
tú amor yo no tenía"...
Fico aqui
Eu e a noite escura
Imaginando quão tardio chegará o fim
Não possuo sonhos
Minha mente vagueia
Tenho sede
E não tenho mais teu amor
Me resta teu retrato
Tua ausência
E uma dor que anda presa a mim.

jueves, 9 de diciembre de 2010

Mil asas de borboletas mortas cobrem meu leito!!!


Tudo que há em mim está abandonado e por não esperar a certeza do nada, adormeço todos os dias sem você e a cada despertar, todo o vazio do mundo entra em mim.

E é sempre assim, quanto mais eu quero te esquecer, mais a tua presença anda presa a mim.

Eu verto
Lágrima molhada e sofrida
Prisão de mim mesmo
Janelas fechadas
Estranho mundo cultivado
Sem teu eu em mim
Se te ser
É vão
Eu vejo as horas
Sinto o silêncio a escutar
Passos da dor
Se ter ter
É tortura
Que minha pele
Seja tua
Se te ser e te ter
Deixo de ser eu pra me encontrar no outro
Que o outro seja eu
E que eu seja a boca que você escolheu pra derramar seus beijos
A minha dor?
"A minha dor não fala, anda sozinha, dissesse ela o que sente ai quem me dera"...
Caminho
Perdido de mim
Se você me encontrar, por favor, devolva-me...

jueves, 2 de diciembre de 2010

Je sais que j´ai besoin de toi, mais tu ne le sauras jamais!!!



"Quando você me deixou meu bem, não me disse pra eu ser feliz e passar bem"...

Eu
Raso
Sem conexão de mim mesmo.

Lágrima
Vertida sobre a pele abandonada.

Boca sem beijos
Silêncios interrompidos
Saudades que nem sei.

E hoje mais que o próprio ar, "a minha dor não fala, anda sozinha, dissesse ela o que sente, ai quem me dera"...

Decidi.
Vai ser assim.

Eu sei que eu preciso de você, mais você jamais saberá.

Hoje não consigo me expressar:
Vou quebrar o soneto de Florbela.

Saudades! Sim... Talvez... e porque não?... Se o nosso sonho foi tão alto e forte. Que bem pensara vê-lo até à morte. Deslumbrar-me de luz o coração! Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão! Que tudo isso, Amor, nos não importe. Se ele deixou beleza que conforte. Deve-nos ser sagrado como o pão! Quantas vezes, Amor, já te esqueci, Para mais doidamente me lembrar, Mais doidamente me lembrar de ti! E quem dera que fosse sempre assim: Quanto menos quisesse recordar. Mais a saudade andasse presa a mim!
O mundo precisa saber, meu mundo precisa saber.
VOCÊ DÓI EM MIM...

martes, 30 de noviembre de 2010

Se eu soubesse ser o outro eu seria eu mesmo te amando outra vez!!!

Le temps que reste


Caminho
Passos pesados
Tua presença serenizada
Percalços
Fatos
Fotos
Teu cheiro.

Inquietude
Água
Vazio em mim
Sede
Desertos.

Livros
Poeira
Esquecimento
Tristezas incontidas
Tua boca.

E devo eu despertar todo dia para um sol sem você?
E orvalhar os olhos?
E galopar no vão do pensamento?
E imaginar que tua boca beija outra boca?

Sinto
Medo.

Prefiro as noites de chuva
O aconchego do teu peito que não tenho.

Queria ser o outro...
Sendo o outro, eu seria eu mesmo.

Sendo eu mesmo.
Te amaria outra vez...

domingo, 28 de noviembre de 2010

"Jodido pero contento"



Porque me haces mucho daño
Porque me cuentas mil mentiras
Y porque sabes que te veo
Tú a los ojos no me miras
Y porque nunca quieres nada
Que a ti te comprometa
Yo te voy a dar la espalda
Para que alcances bien tu meta
Que yo me voy porque mi mundo me está llamando
Voy a marcharme deprisa
Que aunque tu ya no me quieras a mí me quiere la vida
Yo me voy de aquí
Jodido pero contento
Tu me has doblado pero yo aguanto
Dolido pero despierto
Por mi futuro
Con miedo pero con fuerza
Yo no te culpo ni te maldigo
Cariño mío
Jodido pero contento
Yo llevo dentro una esperanza
Dolida pero despierta
Pá mi futuro
Con miedo pero con fuerza
Que a partir de ahora y hasta que muera
Mi mundo es mío
Con tormento y sin dolores
Yo voy haciendo camino
Y que la brisa marinera
Me oriente hacia mi destino
Así es que me voy bajando
Pa la orillita de puerto
Y el primer barco que pase que me lleve mar adentro
Y en este planeta mío
Ese en que tu gobernabas
Yo ya he clavado mi bandera
Tu no me clavas mas nada
Déjame vivir a mi
Jodido por contento
¿Tonto, todo en la vida se paga?

Concha Buika

miércoles, 24 de noviembre de 2010

 "Ele se debateria ao longo de toda a vida entre a necessidade de pertencer e a tenaz insistência em manter-se à parte".

sábado, 20 de noviembre de 2010

Se te fosse concedido um único desejo: Eu desejaria desviver todos os dias que vivi sem ti


Tenho ódio a essa imensa claridade
Cansado de um regresso
Impossível
A minha dor aumenta a cada anoitecer
E meu universo torna-se dolorosamente incompreendido
Odeio as horas
Odeio meus cabelos brancos
Odeio envelhecer sem você
E por odiar tanto
Sinto que perco alguns sentimentos
Quem fechou a porta sem dizer adeus?
E o que sobrou de você em mim?

Noites vazias
Coração angustiado
E quando se faz silêncio
Louco eu, como estou
Ouço tua voz

E quando louco sou
E tua voz não vem
Vejo entrar o dia pela prisioneira janela de meu quarto
E hoje?
Como faço pra te perder pra sempre?

E se te concedessem um único desejo?

Eu?

Pediria pra desviver todos os dias que vivi sem você.

Perseguirei o silêncio!!!

Silêncio...

I e último ato!
Quando você sai de mim e eu não te deixo mais entrar.

viernes, 19 de noviembre de 2010

La cogida y la muerte




A las cinco de la tarde.
Eran las cinco en punto de la tarde.
Un niño trajo la blanca sábana
a las cinco de la tarde.
Una espuerta de cal ya prevenida
a las cinco de la tarde.
Lo demás era muerte y sólo muerte
a las cinco de la tarde.
El viento se llevó los algodones
a las cinco de la tarde.
Y el óxido sembró cristal y níquel
a las cinco de la tarde.
Ya luchan la paloma y el leopardo
a las cinco de la tarde.
Y un muslo con un asta desolada
a las cinco de la tarde.
Comenzaron los sones del bordón
a las cinco de la tarde.
Las campanas de arsénico y el humo
a las cinco de la tarde.
En las esquinas grupos de silencio
a las cinco de la tarde.
¡Y el toro, solo corazón arriba!
a las cinco de la tarde.
Cuando el sudor de nieve fue llegando
a las cinco de la tarde,
cuando la plaza se cubrió de yodo
a las cinco de la tarde,
la muerte puso huevos en la herida
a las cinco de la tarde.
A las cinco de la tarde.
A las cinco en punto de la tarde.
Un ataúd con ruedas es la cama
a las cinco de la tarde.
Huesos y flautas suenan en su oído
a las cinco de la tarde.
El toro ya mugía por su frente
a las cinco de la tarde.
El cuarto se irisaba de agonía
a las cinco de la tarde.
A lo lejos ya viene la gangrena
a las cinco de la tarde.
Trompa de lirio por las verdes ingles
a las cinco de la tarde.
Las heridas quemaban como soles
a las cinco de la tarde,
y el gentío rompía las ventanas
a las cinco de la tarde.
A las cinco de la tarde.
¡Ay qué terribles cinco de la tarde!
¡Eran las cinco en todos los relojes!
¡Eran las cinco en sombra de la tarde!

Federico Garcia Lorca

miércoles, 17 de noviembre de 2010

viernes, 12 de noviembre de 2010

Federico Garcia Lorca rasgou a minha alma

Recentemente comprei a Obra Poética Completa de Federico Garcia Lorca, eu durmo de um um lado da cama, do outro encontra-se o livro, e como por magia, todas as noites deito-me e durmo com ele. As vezes as suas palavras rasgam a minha alma, é quando paro e penso. A minha vida teria sido feliz se eu o tivesse encontrado? E é nessa mesma hora, que nasce e cresce uma dor imensa em minha alma. E segue o medo do esquecimento, de ir e nunca mais voltar.

La sombra de mi alma

La sombra de mi alma
Huye por un ocaso de alfabetos
Nieblas de libros
Y palabras

La sombra de mi alma
He llegado a la línea donde cesa
La nostalgia
Y la gota de llanto se transforma
Alabastro de espíritu

La sombra de mi alma
El copo de dolor se acaba
Pero queda la razón y la sustancia
De mí viejo mediodía de labios
De mi viejo mediodía de miradas

La sombra de mi alma
Un turbio laberinto
De estrellas ahumadas
Enreda mi ilusión
Casi marchita

La sombra de mi alma
Y una alucinación
Me ordeña las miradas
Veo la palabra amor
Desmoronada

Ruiseñor mío
Ruiseñor,
¿Aún cantas?

jueves, 11 de noviembre de 2010

O meu corpo não tem janelas


Nunca mais você
Meu pensamento gira em torno do nada
Minha vida perdeu-se dentro de mim
Não a encontro
Eu sou o reflexo de mim mesmo
Um nada
Não há mais saídas
Meu corpo não possui janelas
A porta da minha casa agora é no chão
Penso no teu abraço
E tudo que tenho agora
É uma saudade caída
Numa calaçada suja.

miércoles, 10 de noviembre de 2010

O frio do meu corpo pergunta por você ou dez passos para enlouquecer depois que você se foi!


I
Estou cansado da claridade
Espero uma volta impossível
Tudo em mim é dolorosamente incompreendido
Descobri que tenho um rio dentro de mim
Descobri que tenho desertos dentro de mim
Descobri que não tenho mais você dentro de mim
Descobri que não sei onde estás
Descobri que meu rio está cheio de cadáveres
Descobri que meu deserto está povoado de tua imagem
Descobri porque não sei onde estás
Porque, quando te perdi, me perdi de mim
E não podendo me encontrar, nunca pude encontrar você.

II
Não posso mais me olhar
Quando me olho vejo você
Não vejo mais beleza
A minha miséria é real.

III
Agora tudo que tenho é teu retrato
Quando a noite cai eu te olho
E você não me vê.

IV
Porque eu sinto tanta dor?
Porque não te escolhi?
Porque escolhi a mim?

V
Eu tenho um pedido ao mundo
Eu quero gritar
Porque tenho direito ao grito

VI
Eu não sabia
Que não te ter
Seria tão dolorido.

VII
Eu e anoite
Decidimos
Juntos.

VIII
Já que não te tenho mais
Já que nunca terei você de volta
Já que nunca mais saberei o que é o amor

IX
Não quero mais amar ninguém.

X
E quando eu morrer
Minha boca morta gritará ainda
Como te amei tanto, ó meu amor!!!

sábado, 6 de noviembre de 2010

Vento, objetos perdidos e encontrados ou o que fazer quando recoloco tua fotografia no porta-retrato!!!



Esses dias andei pensando muito, demasiado pra ser sincero. Uns fantamas andaram me assombrando, logo eu que não acredito em fantasmas, a não ser quando eles quebram algo e me dão um trabalho danado pra consertar, como foi no caso da lâmpada da cozinha que se estilhaçou e encontro cacos até hoje, logo na cozinha, lugar obviamente, completa de alimentos, bem, não tão completa, mas há umas bolachas noturnas.

Saí, comprei peças, remontei, comprei novas lâmpadas e ao fim do dia, fez-se a luz e a luz foi feita, com isso, limpeza mais detalhada, mas chega, todo esse drama, pra interromper o meu drama. Sexta à noite, alguns compromissos, nada que me agradasse ou eu não queria ser agradado, pus-me a revirar caixas de recordações, poemas, folhas amareladas (pausa... espirros), cartas, frases esquisistas e perguntas. Porque eu escrevi isso? Sei lá, tava escrito e guardado, "en la caja de recuerdos", foi aí que do nada, ouvindo Maria Bethânia loucamente, pausa para sentir a música que eu ouvia... (você não sabe quanta coisa eu faria, além do que já fiz. Você não sabe até onde eu chegaria, pra te fazer feliz. Eu chegaria onde só chegam os pensamentos, encontraria uma palavra que não existe, pra te dizer nesse meu verso quase triste, como é grande o meu amor)... Quando do nada, por encanto de assombração, encontro as duas fotos suas, passado remoto, louco, olho no olho, me remeto ao passado novamente, que sempre volta e eu sempre fujo. Dessa vez então decidi agir. De repende, um vento levanta a cortina do quarto, voam papéis, bilhetes, fotos, pequenos desenhos, postais de viagens e um passe do metrô de Paris, pra ser clichê, afinal de contas era da "caja de recuerdos".

Pensei em chorar, talvez até tenha chorado e não quis admitir aqui nesse texto sem sentido, ok, admito, lágrimas rolaram, pra ser mais sincero, uma tespestade interminável brotou de meu olhos. E sem saber porque, agora tenho novamente comigo dois porta-retratos com fotos solitárias de alguém que me esperou por um tempo e por um tempo eu pensei que ele me esperava, mas não sabia se a espera seria pra sempre e se no encontro definitivo o amor seria pra sempre, se o olho se veria todo dia, e o brilho do olho perduraria, e assim, sem nada querer qualificar, o medo se apossou de mim e eu, covarde na época e covarde hoje por não admitir, fugo do amor e da paixão...

Agora se há respostas, eu queria encontrá-las, porque quatro anos após eu ter fugido, tenho dois porta-retratos dele, posso chamá-lo de "meu amor", posso, o texto é meu, posso chamá-lo como quiser. Descobri que fugir é mais fácil, porque se você foge não há justificativas, mais depois percebi que com o tempo, existe uma legião de perguntas que te perseguem  e te afligem insistentemente, te enlouquecem e pra ficar louco, basta cruzar uma simples linha.

Hoje não sei mais de mim, quem eu sou? Sei lá, "  sou a roupagem de um doido que partiu numa romagem e nunca mais voltou".

Reveleção: Apesar de tudo, das mágoas, dos cafés, das palavras de amor, dos bilhetes, das fotos, do beijo no trem, da cabeça no ombro, das doses de run, do aconchego do teu peito aberto, de você lendo Lorca pra mim quando amanhecia, sua mania de comer chocolate amargo com café sem açúcar, de você em mim, de nós juntos, dos dois corpos masculinos, me dou conta, sozinho, dentro de mim mesmo, como eu te amei.

E a resposta que busco encontro agora... Por alguns anos, tentei suportar.

Nosso amor foi intenso, cego ao mundo, era um interior, onde só existiam poesias, eu e você... Mas, alguém, quebrou tudo isso, não consigo lembrar quem, lembro da dor que ainda sinto.

Nosso amor definitivamente foi um desatre,
Um naufrágio com duas vítimas.
Mas agora sem você.
É difícil viver, pero sigo.
Mas não pude suportar o vazio do porta-retrato, onde você sereno, me esperava.

Você tinha uma rosa amarela e sangrava por causa de um espinho, rosa e sangue, sempre achei as rosas vermelhas soberbas, com sua intenção de paixão e sedução, já as amarelas me seduzem pelo simples fato de serem elas memas, de não repersentarem nada...

Eu te amo, te amo, te amo, te amo, te amo.

Quero que o mundo todo saiba, mas se um dia, quizás você venha a me perguntar eu direi sem lágrimas, sem rosas, sem aconchego, que não te quero ter, porque você dói em mim...

E eu prefiro a minha dor.

Porque?

Porque é minha dor, não é de mais ninguém...

Eu te amo, eu amo você. Mas espero que você nunca saiba.

martes, 2 de noviembre de 2010

Espera ou quando olhar meu rosto envelhecido e lembrar que se não vivi, foi por você



Nada é mais sobre mim ou sobre você
Não tenho mais tempo
Vivo uma alucinação
Só tenho histórias tristes que me doem os ossos
Em mim habita a dor
Ela chega sorrateira
E fica
Você pode dizer o que possuímos?
Porque o que sobrou de mim
São noites de inconsciência
Estas sórdidas noites sem trégua
O cheiro que sinto em meu quarto
É de espera
E de meus olhos, brotam chuvas intermináveis
Sonhava que meus beijos caíam dentro de tua boca
E tua boca mastigava meus beijos
Mas em mim, só há recordação
Porque sei e sinto
Que a pele que encosta na tua, não é a minha
Que o corpo que deita a teu lado, não é o meu
Que a boca que te beija é a que você deseja
E eu, que sei que nunca estarei em teus braços
Espero o dia em que me perderei para sempre de mim
Esperando essa hora
E a pior dor será
Olhar meu rosto envelhecido
E lembrar que se não vivi
Foi por você.