viernes, 31 de diciembre de 2010

Se não habito mais teu peito porque sempre entras em mim?

Lucas Cranach, 1472-1553,  Kronach, Alemanha.
Nos últimos momentos que antecedem
A tristeza
Sinto tua ausência em meu peito
Como uma faca fria
A lâmina entra em minha pele
Toda a dor do mundo
Está em mim
Te vejo ir sem me deixar
É quando vejo a tristeza devorando meus dias
Cravando a saudade em meu peito
Apagando tudo em mim
Até que nada mais eu seja.

Meu amor o que você faria se só te restasse esse dia?

Frederic Leighton, 3 dezembro de 1830 - 25 janeiro de 1896

Tudo que tenho
Um enorme tempo de ausência
Um quarto vazio
Uma porta trancada
Um olhar impaciente
E uma esperança morta
A porta jamais se abrirá
Você não voltará
Tenho tédio das horas
Vazias
Amargas
Sem ti
E mais uma vez
Como se eu fosse dezembro
Me torno cinzas
Sem tuas mãos
Sem teu corpo
Sem tua boca na minha
Não quero mais lágrimas
Nem fotos
Nem tua ausência
Nesse último momento
Abro a janela
E deixo que o vento me diga
Que mesmo sem você
Ainda posso ser eu.

jueves, 30 de diciembre de 2010

Quando muitos te olham mas você não vê ou ainda sinto saudade do teu corpo junto ao meu...



Quantas vezes eu te disse
Que só tenho um corpo e uma alma
Pra te oferecer
E tendo minha alma fugido de mim
Restou-me o corpo
O chão
Onde estou
Onde fiquei desde que você se foi
Não há noites que meus olhos não vertam
Tristes lamentos
Saudades que nem sei de onde me vem
Porta estreita
Corpo sem janelas
Teu olhar
Se hoje me perguto quem sou
Só ouço ecos da dor.

lunes, 27 de diciembre de 2010

Que eu não sinta mais o meu coração!!


A dor que arrasto dentro de mim anda maior que eu
Ando perdido e louco pelas ruas
Em todos os vãos vejo teu rosto
E todas as palavras soam teu nome
Tudo ao meu redor representa você
Minha alma adoeceu sem ti
Vi ela sair de mim e morrer
Agora meu corpo verga
E se você um dia voltar pra me procurar
Encontrará meu corpo no chão
No mesmo lugar onde você me deixou sem dizer adeus
No corpo, trago a mesma camisa com teu cheiro
E no coração, mil agulhas cravadas pra disfarçar a dor do peito.

jueves, 16 de diciembre de 2010

Sair de mim e ser o outro ou quando tento ser todos e nada sou.

Lucas Cranach, 1472-1553,  Kronach, Alemanha.
Tamanha tristeza anda em minha alma
Ouço seus passos dentro de mim
Ela passeia em minha pele
Observa por mim
Entra em meus sonhos
Uma angústia avassaladora me aterra
Ando perdido em mim mesmo
Sem saber me encontrar
Sem querer me encontrar
Tenho medo de entrar em mim mesmo
Ando sem mim
Vivo sem mim
Saio de mim pra ser o outro
Os outros
Todos
Menos eu
E nessa loucura que se apossa de mim
Tento ser tudo que sou e não sou nada
E nesses últimos momentos que antecedem a tristeza e a dor que habitam em mim
Te vejo passar
Eu não pude mais ser seu
E assim, sem poder ser
Me perdi
Agora vago sereno
Com os mesmos olhos
Que nada mais podem ver
A dor de não ter você é tamanha
Que hoje percebi
Nem sinto mais o meu coração.

miércoles, 15 de diciembre de 2010

Hoje sou o imenso anverso da sombra de minhas lágrimas!!!

Frederic Leighton, 3 dezembro de 1830 - 25 janeiro de 1896
O que fazer quando a escuridão se aproxima?
Deixar-se ir lentamente?
Sem você me sinto oco.
Frio.
Meu corpo verga e gira, dilacerado ainda se move na ânsia de encontrar tua boca.
E será assim: Estou morrendo de sede de você, mas não te quero mais na minha vida.
Cultivarei a dor e perseguirei o silêncio da noite.

martes, 14 de diciembre de 2010

Dá-me um copo d´água. Água com peixes e barcos!!!

Jean Delville "Misteriosa" 1892

Vejo a noite imensa sobre mim
O vazio que sinto é como a imensidão
Eu só tenho um corpo e uma alma pra te oferecer
E isso não basta
Eu vejo as noites nuas
Carrego versos perdidos
Trago em meu peito largo uma dor de abandono
Me olho sem me vê
Tenho desertos dentro de mim
Meus olhos vergam
Só vejo flores mortas
Janelas vazias
Portas que não se abrem
Pergunto ao tempo
Quando há de cessar tamanha dor
"Yo hice lo que pude
te amé como sabia
y al final de todo
tú amor yo no tenía"...
Fico aqui
Eu e a noite escura
Imaginando quão tardio chegará o fim
Não possuo sonhos
Minha mente vagueia
Tenho sede
E não tenho mais teu amor
Me resta teu retrato
Tua ausência
E uma dor que anda presa a mim.

jueves, 9 de diciembre de 2010

Mil asas de borboletas mortas cobrem meu leito!!!


Tudo que há em mim está abandonado e por não esperar a certeza do nada, adormeço todos os dias sem você e a cada despertar, todo o vazio do mundo entra em mim.

E é sempre assim, quanto mais eu quero te esquecer, mais a tua presença anda presa a mim.

Eu verto
Lágrima molhada e sofrida
Prisão de mim mesmo
Janelas fechadas
Estranho mundo cultivado
Sem teu eu em mim
Se te ser
É vão
Eu vejo as horas
Sinto o silêncio a escutar
Passos da dor
Se ter ter
É tortura
Que minha pele
Seja tua
Se te ser e te ter
Deixo de ser eu pra me encontrar no outro
Que o outro seja eu
E que eu seja a boca que você escolheu pra derramar seus beijos
A minha dor?
"A minha dor não fala, anda sozinha, dissesse ela o que sente ai quem me dera"...
Caminho
Perdido de mim
Se você me encontrar, por favor, devolva-me...

jueves, 2 de diciembre de 2010

Je sais que j´ai besoin de toi, mais tu ne le sauras jamais!!!



"Quando você me deixou meu bem, não me disse pra eu ser feliz e passar bem"...

Eu
Raso
Sem conexão de mim mesmo.

Lágrima
Vertida sobre a pele abandonada.

Boca sem beijos
Silêncios interrompidos
Saudades que nem sei.

E hoje mais que o próprio ar, "a minha dor não fala, anda sozinha, dissesse ela o que sente, ai quem me dera"...

Decidi.
Vai ser assim.

Eu sei que eu preciso de você, mais você jamais saberá.

Hoje não consigo me expressar:
Vou quebrar o soneto de Florbela.

Saudades! Sim... Talvez... e porque não?... Se o nosso sonho foi tão alto e forte. Que bem pensara vê-lo até à morte. Deslumbrar-me de luz o coração! Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão! Que tudo isso, Amor, nos não importe. Se ele deixou beleza que conforte. Deve-nos ser sagrado como o pão! Quantas vezes, Amor, já te esqueci, Para mais doidamente me lembrar, Mais doidamente me lembrar de ti! E quem dera que fosse sempre assim: Quanto menos quisesse recordar. Mais a saudade andasse presa a mim!
O mundo precisa saber, meu mundo precisa saber.
VOCÊ DÓI EM MIM...

martes, 30 de noviembre de 2010

Se eu soubesse ser o outro eu seria eu mesmo te amando outra vez!!!

Le temps que reste


Caminho
Passos pesados
Tua presença serenizada
Percalços
Fatos
Fotos
Teu cheiro.

Inquietude
Água
Vazio em mim
Sede
Desertos.

Livros
Poeira
Esquecimento
Tristezas incontidas
Tua boca.

E devo eu despertar todo dia para um sol sem você?
E orvalhar os olhos?
E galopar no vão do pensamento?
E imaginar que tua boca beija outra boca?

Sinto
Medo.

Prefiro as noites de chuva
O aconchego do teu peito que não tenho.

Queria ser o outro...
Sendo o outro, eu seria eu mesmo.

Sendo eu mesmo.
Te amaria outra vez...

domingo, 28 de noviembre de 2010

"Jodido pero contento"



Porque me haces mucho daño
Porque me cuentas mil mentiras
Y porque sabes que te veo
Tú a los ojos no me miras
Y porque nunca quieres nada
Que a ti te comprometa
Yo te voy a dar la espalda
Para que alcances bien tu meta
Que yo me voy porque mi mundo me está llamando
Voy a marcharme deprisa
Que aunque tu ya no me quieras a mí me quiere la vida
Yo me voy de aquí
Jodido pero contento
Tu me has doblado pero yo aguanto
Dolido pero despierto
Por mi futuro
Con miedo pero con fuerza
Yo no te culpo ni te maldigo
Cariño mío
Jodido pero contento
Yo llevo dentro una esperanza
Dolida pero despierta
Pá mi futuro
Con miedo pero con fuerza
Que a partir de ahora y hasta que muera
Mi mundo es mío
Con tormento y sin dolores
Yo voy haciendo camino
Y que la brisa marinera
Me oriente hacia mi destino
Así es que me voy bajando
Pa la orillita de puerto
Y el primer barco que pase que me lleve mar adentro
Y en este planeta mío
Ese en que tu gobernabas
Yo ya he clavado mi bandera
Tu no me clavas mas nada
Déjame vivir a mi
Jodido por contento
¿Tonto, todo en la vida se paga?

Concha Buika

miércoles, 24 de noviembre de 2010

 "Ele se debateria ao longo de toda a vida entre a necessidade de pertencer e a tenaz insistência em manter-se à parte".

sábado, 20 de noviembre de 2010

Se te fosse concedido um único desejo: Eu desejaria desviver todos os dias que vivi sem ti


Tenho ódio a essa imensa claridade
Cansado de um regresso
Impossível
A minha dor aumenta a cada anoitecer
E meu universo torna-se dolorosamente incompreendido
Odeio as horas
Odeio meus cabelos brancos
Odeio envelhecer sem você
E por odiar tanto
Sinto que perco alguns sentimentos
Quem fechou a porta sem dizer adeus?
E o que sobrou de você em mim?

Noites vazias
Coração angustiado
E quando se faz silêncio
Louco eu, como estou
Ouço tua voz

E quando louco sou
E tua voz não vem
Vejo entrar o dia pela prisioneira janela de meu quarto
E hoje?
Como faço pra te perder pra sempre?

E se te concedessem um único desejo?

Eu?

Pediria pra desviver todos os dias que vivi sem você.

Perseguirei o silêncio!!!

Silêncio...

I e último ato!
Quando você sai de mim e eu não te deixo mais entrar.

viernes, 19 de noviembre de 2010

La cogida y la muerte




A las cinco de la tarde.
Eran las cinco en punto de la tarde.
Un niño trajo la blanca sábana
a las cinco de la tarde.
Una espuerta de cal ya prevenida
a las cinco de la tarde.
Lo demás era muerte y sólo muerte
a las cinco de la tarde.
El viento se llevó los algodones
a las cinco de la tarde.
Y el óxido sembró cristal y níquel
a las cinco de la tarde.
Ya luchan la paloma y el leopardo
a las cinco de la tarde.
Y un muslo con un asta desolada
a las cinco de la tarde.
Comenzaron los sones del bordón
a las cinco de la tarde.
Las campanas de arsénico y el humo
a las cinco de la tarde.
En las esquinas grupos de silencio
a las cinco de la tarde.
¡Y el toro, solo corazón arriba!
a las cinco de la tarde.
Cuando el sudor de nieve fue llegando
a las cinco de la tarde,
cuando la plaza se cubrió de yodo
a las cinco de la tarde,
la muerte puso huevos en la herida
a las cinco de la tarde.
A las cinco de la tarde.
A las cinco en punto de la tarde.
Un ataúd con ruedas es la cama
a las cinco de la tarde.
Huesos y flautas suenan en su oído
a las cinco de la tarde.
El toro ya mugía por su frente
a las cinco de la tarde.
El cuarto se irisaba de agonía
a las cinco de la tarde.
A lo lejos ya viene la gangrena
a las cinco de la tarde.
Trompa de lirio por las verdes ingles
a las cinco de la tarde.
Las heridas quemaban como soles
a las cinco de la tarde,
y el gentío rompía las ventanas
a las cinco de la tarde.
A las cinco de la tarde.
¡Ay qué terribles cinco de la tarde!
¡Eran las cinco en todos los relojes!
¡Eran las cinco en sombra de la tarde!

Federico Garcia Lorca

miércoles, 17 de noviembre de 2010

viernes, 12 de noviembre de 2010

Federico Garcia Lorca rasgou a minha alma

Recentemente comprei a Obra Poética Completa de Federico Garcia Lorca, eu durmo de um um lado da cama, do outro encontra-se o livro, e como por magia, todas as noites deito-me e durmo com ele. As vezes as suas palavras rasgam a minha alma, é quando paro e penso. A minha vida teria sido feliz se eu o tivesse encontrado? E é nessa mesma hora, que nasce e cresce uma dor imensa em minha alma. E segue o medo do esquecimento, de ir e nunca mais voltar.

La sombra de mi alma

La sombra de mi alma
Huye por un ocaso de alfabetos
Nieblas de libros
Y palabras

La sombra de mi alma
He llegado a la línea donde cesa
La nostalgia
Y la gota de llanto se transforma
Alabastro de espíritu

La sombra de mi alma
El copo de dolor se acaba
Pero queda la razón y la sustancia
De mí viejo mediodía de labios
De mi viejo mediodía de miradas

La sombra de mi alma
Un turbio laberinto
De estrellas ahumadas
Enreda mi ilusión
Casi marchita

La sombra de mi alma
Y una alucinación
Me ordeña las miradas
Veo la palabra amor
Desmoronada

Ruiseñor mío
Ruiseñor,
¿Aún cantas?

jueves, 11 de noviembre de 2010

O meu corpo não tem janelas


Nunca mais você
Meu pensamento gira em torno do nada
Minha vida perdeu-se dentro de mim
Não a encontro
Eu sou o reflexo de mim mesmo
Um nada
Não há mais saídas
Meu corpo não possui janelas
A porta da minha casa agora é no chão
Penso no teu abraço
E tudo que tenho agora
É uma saudade caída
Numa calaçada suja.

miércoles, 10 de noviembre de 2010

O frio do meu corpo pergunta por você ou dez passos para enlouquecer depois que você se foi!


I
Estou cansado da claridade
Espero uma volta impossível
Tudo em mim é dolorosamente incompreendido
Descobri que tenho um rio dentro de mim
Descobri que tenho desertos dentro de mim
Descobri que não tenho mais você dentro de mim
Descobri que não sei onde estás
Descobri que meu rio está cheio de cadáveres
Descobri que meu deserto está povoado de tua imagem
Descobri porque não sei onde estás
Porque, quando te perdi, me perdi de mim
E não podendo me encontrar, nunca pude encontrar você.

II
Não posso mais me olhar
Quando me olho vejo você
Não vejo mais beleza
A minha miséria é real.

III
Agora tudo que tenho é teu retrato
Quando a noite cai eu te olho
E você não me vê.

IV
Porque eu sinto tanta dor?
Porque não te escolhi?
Porque escolhi a mim?

V
Eu tenho um pedido ao mundo
Eu quero gritar
Porque tenho direito ao grito

VI
Eu não sabia
Que não te ter
Seria tão dolorido.

VII
Eu e anoite
Decidimos
Juntos.

VIII
Já que não te tenho mais
Já que nunca terei você de volta
Já que nunca mais saberei o que é o amor

IX
Não quero mais amar ninguém.

X
E quando eu morrer
Minha boca morta gritará ainda
Como te amei tanto, ó meu amor!!!

sábado, 6 de noviembre de 2010

Vento, objetos perdidos e encontrados ou o que fazer quando recoloco tua fotografia no porta-retrato!!!



Esses dias andei pensando muito, demasiado pra ser sincero. Uns fantamas andaram me assombrando, logo eu que não acredito em fantasmas, a não ser quando eles quebram algo e me dão um trabalho danado pra consertar, como foi no caso da lâmpada da cozinha que se estilhaçou e encontro cacos até hoje, logo na cozinha, lugar obviamente, completa de alimentos, bem, não tão completa, mas há umas bolachas noturnas.

Saí, comprei peças, remontei, comprei novas lâmpadas e ao fim do dia, fez-se a luz e a luz foi feita, com isso, limpeza mais detalhada, mas chega, todo esse drama, pra interromper o meu drama. Sexta à noite, alguns compromissos, nada que me agradasse ou eu não queria ser agradado, pus-me a revirar caixas de recordações, poemas, folhas amareladas (pausa... espirros), cartas, frases esquisistas e perguntas. Porque eu escrevi isso? Sei lá, tava escrito e guardado, "en la caja de recuerdos", foi aí que do nada, ouvindo Maria Bethânia loucamente, pausa para sentir a música que eu ouvia... (você não sabe quanta coisa eu faria, além do que já fiz. Você não sabe até onde eu chegaria, pra te fazer feliz. Eu chegaria onde só chegam os pensamentos, encontraria uma palavra que não existe, pra te dizer nesse meu verso quase triste, como é grande o meu amor)... Quando do nada, por encanto de assombração, encontro as duas fotos suas, passado remoto, louco, olho no olho, me remeto ao passado novamente, que sempre volta e eu sempre fujo. Dessa vez então decidi agir. De repende, um vento levanta a cortina do quarto, voam papéis, bilhetes, fotos, pequenos desenhos, postais de viagens e um passe do metrô de Paris, pra ser clichê, afinal de contas era da "caja de recuerdos".

Pensei em chorar, talvez até tenha chorado e não quis admitir aqui nesse texto sem sentido, ok, admito, lágrimas rolaram, pra ser mais sincero, uma tespestade interminável brotou de meu olhos. E sem saber porque, agora tenho novamente comigo dois porta-retratos com fotos solitárias de alguém que me esperou por um tempo e por um tempo eu pensei que ele me esperava, mas não sabia se a espera seria pra sempre e se no encontro definitivo o amor seria pra sempre, se o olho se veria todo dia, e o brilho do olho perduraria, e assim, sem nada querer qualificar, o medo se apossou de mim e eu, covarde na época e covarde hoje por não admitir, fugo do amor e da paixão...

Agora se há respostas, eu queria encontrá-las, porque quatro anos após eu ter fugido, tenho dois porta-retratos dele, posso chamá-lo de "meu amor", posso, o texto é meu, posso chamá-lo como quiser. Descobri que fugir é mais fácil, porque se você foge não há justificativas, mais depois percebi que com o tempo, existe uma legião de perguntas que te perseguem  e te afligem insistentemente, te enlouquecem e pra ficar louco, basta cruzar uma simples linha.

Hoje não sei mais de mim, quem eu sou? Sei lá, "  sou a roupagem de um doido que partiu numa romagem e nunca mais voltou".

Reveleção: Apesar de tudo, das mágoas, dos cafés, das palavras de amor, dos bilhetes, das fotos, do beijo no trem, da cabeça no ombro, das doses de run, do aconchego do teu peito aberto, de você lendo Lorca pra mim quando amanhecia, sua mania de comer chocolate amargo com café sem açúcar, de você em mim, de nós juntos, dos dois corpos masculinos, me dou conta, sozinho, dentro de mim mesmo, como eu te amei.

E a resposta que busco encontro agora... Por alguns anos, tentei suportar.

Nosso amor foi intenso, cego ao mundo, era um interior, onde só existiam poesias, eu e você... Mas, alguém, quebrou tudo isso, não consigo lembrar quem, lembro da dor que ainda sinto.

Nosso amor definitivamente foi um desatre,
Um naufrágio com duas vítimas.
Mas agora sem você.
É difícil viver, pero sigo.
Mas não pude suportar o vazio do porta-retrato, onde você sereno, me esperava.

Você tinha uma rosa amarela e sangrava por causa de um espinho, rosa e sangue, sempre achei as rosas vermelhas soberbas, com sua intenção de paixão e sedução, já as amarelas me seduzem pelo simples fato de serem elas memas, de não repersentarem nada...

Eu te amo, te amo, te amo, te amo, te amo.

Quero que o mundo todo saiba, mas se um dia, quizás você venha a me perguntar eu direi sem lágrimas, sem rosas, sem aconchego, que não te quero ter, porque você dói em mim...

E eu prefiro a minha dor.

Porque?

Porque é minha dor, não é de mais ninguém...

Eu te amo, eu amo você. Mas espero que você nunca saiba.

martes, 2 de noviembre de 2010

Espera ou quando olhar meu rosto envelhecido e lembrar que se não vivi, foi por você



Nada é mais sobre mim ou sobre você
Não tenho mais tempo
Vivo uma alucinação
Só tenho histórias tristes que me doem os ossos
Em mim habita a dor
Ela chega sorrateira
E fica
Você pode dizer o que possuímos?
Porque o que sobrou de mim
São noites de inconsciência
Estas sórdidas noites sem trégua
O cheiro que sinto em meu quarto
É de espera
E de meus olhos, brotam chuvas intermináveis
Sonhava que meus beijos caíam dentro de tua boca
E tua boca mastigava meus beijos
Mas em mim, só há recordação
Porque sei e sinto
Que a pele que encosta na tua, não é a minha
Que o corpo que deita a teu lado, não é o meu
Que a boca que te beija é a que você deseja
E eu, que sei que nunca estarei em teus braços
Espero o dia em que me perderei para sempre de mim
Esperando essa hora
E a pior dor será
Olhar meu rosto envelhecido
E lembrar que se não vivi
Foi por você.

sábado, 30 de octubre de 2010

Você dói em mim ou estou doente e nunca soube ou ainda, a melhor parte de ter você foi quando te perdi...

Os gêmeos


Caminho
Sem temor
Te trago dentro da carne
E minha vida sempre começa
Quando começa a noite
E essa fome que eu sinto
E os dias que se transformam em deserto
Você está morrendo em mim
Resolvi deixar a casa do amor em silêncio
Era outubro quando te vi
E devo agora morrer
A cada instante
Tentando em vão
Não esquecer o brilho dos teus olhos
Os teus braços inocentes
A tua boca em minha orelha
Teu ciúme velado
Fico aqui
Eu, a escuridão e a solidão de nós dois
E a melhor parte de ter você
Foi quando te perdi...

Coração descompassado



Queria te confessar todo meu amor
Mas não sou bom o bastante
No meu canto só, penso en ti
E tudo que te deixo
É esse bilhete em branco.

miércoles, 27 de octubre de 2010

Dor, tempo e dor...



As funções dele vão apagando-se
Uma a uma
Não existe noite
Nem estrelas
Somente há um porão
Do qual ele nunca pode sair
E onde ninguém pode entrar
Ele toma remédios
Que o fazem passar mal
Mas o impedem que enlouqueça
Não se sabe por quanto tempo
Agora só há dor, tempo e dor novamente
Mas não há esperança...

Você está triste porque me ama e sabe que me perdeu...


Você nunca veio e por isso nunca te amei
Meus espaços são surdos
Meu chão não existe
Me abro como uma flor murcha
Não há fotos
Se há alguma, está amarelada
Não sobra nada de nós
E é por isso que devo ser triste?
Procuro meu corpo em minha casa
Tarja preta chama meu sono
Enquanto ele não vem
Não sei se vejo
Ou se sou
Um silêncio sujo no meio da rua
Talvez eu seja um mapa doloroso de mim mesmo
E enquanto passa o tempo
Me sinto o pó de um livro esquecido.

sábado, 23 de octubre de 2010

Você não sabe!!!

Você não sabe quanta coisa eu faria
Além do que já fiz
Você não sabe até onde eu chegaria
Pra te fazer feliz
Eu chegaria
Onde só chegam os pensamentos
Encontraria uma
Palavra que não existe
Pra te dizer nesse meu
Verso quase triste
Como é grande o meu amor
Você não sabe que os
Anseios do seu coração
São muito mais pra mim
Do que as razões que eu tenha
Pra dizer que não
E eu sempre digo sim
E ainda que a realidade me limite
A fantasia dos meus sonhos me permite
Que eu faça mais do que as loucuras
Que já fiz pra te fazer feliz
Você só sabe
Que eu te amo tanto
Mas na verdade
Meu amor não sabe o quanto
E se soubesse iria compreender
Razões que só quem ama
Assim pode entender
Você não sabe quanta coisa eu faria
Por um sorriso seu
Você não sabe
Até onde eu chegaria
Amor igual ao meu
Mas se preciso for
Eu faço muito mais
Mesmo que eu sofra
Ainda assim eu sou capaz
De muito mais
Do que as loucuras que já fiz
Pra te fazer feliz

Maria Bethania (RC & EC)

viernes, 22 de octubre de 2010


Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite. 

Clarice Lispector


martes, 19 de octubre de 2010

Porque em algum momento da vida você tem que ler Hilda Hilst

I

Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo.
Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse
Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.
Te olhei. E há um tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta
Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.

II

Ama-me. É tempo ainda. Interroga-me.
E eu te direi que o nosso tempo é agora.
Esplêndida altivez, vasta ventura
Porque é mais vasto o sonho que elabora
Há tanto tempo sua própria tessitura.
Ama-me. Embora eu te pareça
Demasiado intensa. E de aspereza.
E transitória se tu me repensas.

III

Se refazer o tempo, a mim, me fosse dado
Faria do meu rosto de parábola
Rede de mel, ofício de magia
E naquela encantada livraria
Onde os raros amigos me sorriam
Onde a meus olhos eras torre e trigo
Meu todo corajoso de Poesia
Te tomava. Aventurança, amigo,
Tão extremada e larga
E amavio contente o amor teria sido.

IV

Minha medida? Amor.
E tua boca na minha
Imerecida.
Minha vergonha? O verso
Ardente. E o meu rosto
Reverso de quem sonha.
Meu chamamento? Sagitário
Ao meu lado
Enlaçado ao Touro.
Minha riqueza? Procura
Obstinada, tua presença
Em tudo: julho, agosto
Zodíaco antevisto, página
Ilustrada de revista
Editorial, jornal
Teia cindida.
Em cada canto da Casa
Evidência veemente
Do teu rosto.

V

Nós dois passamos. E os amigos
E toda minha seiva, meu suplício
De jamais te ver, teu desamor também
Há de passar. Sou apenas poeta
E tu, lúcido, fazedor da palavra,
Inconsentido, nítido
Nós dois passamos porque assim é sempre.
E singular e raro este tempo inventivo
Circundando a palavra. Trevo escuro
Desmemoriado, coincidido e ardente
No meu tempo de vida tão maduro.

VI

Foi Julho sim. E nunca mais esqueço.
O ouro em mim, a palavra
Irisada na minha boca
A urgência de me dizer em amor
Tatuada de memória e confidência.
Setembro em enorme silêncio
Distancia meu rosto. Te pergunto:
De Julho em mim ainda te lembras?
Disseram-me os amigos que Saturno
Se refaz este ano. E é tigre
E é verdugo. E que os amantes
Pensativos, glaciais
Ficarão surdos ao canto comovido.
E em sendo assim, amor,
De que me adianta a mim, te dizer mais?

VII

Sorrio quando penso
Em que lugar da sala
Guardarás o meu verso.
Distanciado
Dos teus livros políticos?
Na primeira gaveta
Mais próxima à janela?
Tu sorris quando lês
Ou te cansas de ver
Tamanha perdição
Amorável centelha
No meu rosto maduro?
E te pareço bela
Ou apenas te pareço
Mais poeta talvez
E menos séria?
O que pensa o homem
Do poeta? Que não há verdade
Na minha embriaguez
E que me preferes
Amiga mais pacífica
E menos aventura?
Que é de todo impossível
Guardar na tua sala
Vestígio passional
Da minha linguagem?
Eu te pareço louca?
Eu te pareço pura?
Eu te pareço moça?
Ou é mesmo verdade
Que nunca me soubeste?

VIII

De luas, desatino e aguaceiro
Todas as noites que não foram tuas.
Amigos e meninos de ternura
Intocado meu rosto-pensamento
Intocado meu corpo e tão mais triste
Sempre à procura do teu corpo exato.
Livra-me de ti. Que eu reconstrua
Meus pequenos amores. A ciência
De me deixar amar
Sem amargura. E que me dêem
Enorme incoerência
De desamar, amando. E te lembrando
- Fazedor de desgosto -
Que eu te esqueça.

IX

Esse poeta em mim sempre morrendo
Se tenta repetir salmodiado:
Como te conhecer, arquiteto do tempo
Como saber de mim, sem te saber?
Algidez do teu gesto, minha cegueira
E o casto incendiado momento
Se ao teu lado me vejo. As tardes
Fiandeiras, as tardes que eu amava,
Matéria de solidão, íntimas, claras
Sofrem a sonolência de umas águas
Como se um barco recusasse sempre
A liquidez. Minhas tardes dilatadas
Sobreexistindo apenas
Porque à noite retomo minha verdade:
teu contorno, teu rosto álgido sim
E por isso, quem sabe, tão amado.

X

Não é apenas um vago, modulado sentimento
O que me faz cantar enormemente
A memória de nós. É mais. É como um sopro
De fogo, é fraterno e leal, é ardoroso
É como se a despedida se fizesse o gozo
De saber
Que há no teu todo e no meu, um espaço
Oloroso, onde não vive o adeus.
Não é apenas vaidade de querer
Que aos cinqüenta
Tua alma e teu corpo se enterneçam
Da graça, da justeza do poema. É mais.
E por isso perdoa todo esse amor de mim
E me perdoa de ti a indiferença.


miércoles, 13 de octubre de 2010

Quebrei meu espelho ou tomarei sorvete eternamente ou ainda se eu conseguir suportar a dor que sinto me transformarei em paisagem desértica

Francis Picabia -Paris 1879 - 1953

Meu espelho está quebrado
Não me vejo
Palavras de esquecimento
São as que escrevo agora
Ando pela rua
Sem saber onde guardar tanto
Vazio
Mais uma noite escura
E agora quero que saibas
Mesmo que seja por escrito
Que tudo que eu anseio
É guardar a distância
Para que estejas livres
Do meu abraço
E as vezes, se possível,
Me conte algo de ti.

martes, 12 de octubre de 2010

Desfalecer ou quando eu me entrego ao esquecimento ou ainda, quão longe vejo tua boca da minha


Confundo o passado com o momento presente
Os dois se confundem em mim
Tentam ser um só
Dois em um
Solidão e morte
Saudade e amor
Sempre me perdi em teus braços
Era esse exato instante
Que me sentia feliz
Não me alimento mais de ti
Escolhi a fome
Existe agora um largo caminho
Entre a tua boca e a minha
Há ferrugem em meus ossos
Devo escrever com sangue
Nas folhas de papel em branco?
Quando me olho
Vejo correntes
E não tenho mais teus olhos
Para velar meu sono
Tudo se transformou
Em uma sede amarga
E tudo que um dia não fomos
Está escrito em páginas sujas
Tudo que tenho
Um gesto
E essa ferida que não cessa
De sangrar
Porque antes eu te olhava
E via o amor
E hoje te olho
E vejo o esquecimento.

lunes, 11 de octubre de 2010

Meu abacate caiu no chão ou você jogou um tomate em mim


Não é possível saber quando vou ficar mudo
A vida me fez assim, sórdido em cada esquina
Muto
Mudo
Mutado
Calado
Meu sentimento é falho
Nunca conseguimos ver-nos
E por isso, nunca falamos o que devia ser dito
Eu lembro das promessas e dos alfajores
Agora sou um prego enferrujado
Na felicidade de alguém
Ando tão desapegado das coisas que não são minhas
Sei que existe o tempo
E que no tempo existem os dias
Mas me apavora o dia
Aquele dia
Que cruzaremos a mesma rua
E não será surpresa
Porque entre nós
Não existe mais nenhuma
Denúncia inesperada.

Nós contemos multidões


Devia ser assim:
Eu te pergunto e você me responde.
Porque está assim:
Eu te pergunto e você mente.
E mentir não é resposta.
Eu preciso dormir
A que devo todo esse tormento
Sonhei que era feliz
Foi tão efêmero
Que nem pude mostrar
A mim mesmo
Como era sentir-se assim
Agora espero tuas respostas vagas
Que venham juntas com as águas de teus olhos
Porque não suporto mais a minha pele a queimar.

domingo, 10 de octubre de 2010

Negue que me pertenceu



Se sobra algum resquício de nós eu não sei
Sigo pelo correrdor estreito de minha vida
Procuro tua imagem
As paredes me sufocam
Eu piso nos restos e tua ausência
Que aos poucos vão escorrendo de dentro de mim.

Cinzas de dezembro n.º 1

Parida em 2006 em Granada Espanha, sofrida, gelada, pero no mucho...



Eu descobri
Que sou um colecionador
De dezembros gelados
Um homem sem luz
E sem casa
Vivo desesperado
E embriagado
De recordações
Abatido pelas águas
Que brotam de meus olhos
Toda madrugada
Sempre me sinto triste
E penso que cheguei ao fim
Sinto que meus passos
Tornaram-se pesados
Quisera eu às vezes
Dominar o vento
Que invade o meu coração
E acabar com a imensa solidão
Que habita meu peito
Sem teu amor
Me sinto vazio e frio
É sempre inverno
No fundo de meu coração
E como se eu fosse dezembro
Me torno cinzas
E sei que um dia hás de sentir
Meu corpo
Mesmo sem vida
Junto ao teu

O camaleão e todas as cores desbotadas de um amor ou ainda o mimetismo dessicronizado de uma alma sem alma




O camaleão cromático mimetiza o eco do gramofone
É quando saio de mim mesmo para me encontrar no outro
Agora tenho apenas uma cicatriz ocultante
Quando você avança eu perco de vista o horizonte
E fico sem saber por quanto tempo esperarei você passar por mim.

Não é possível saber quando tudo emudece


Minha vida é uma esquina
Um mercado de frutas
Um celeiro em dia de chuva
Minha vida é uma promessa atroz
É um feriado imprensado
Um anúncio luminoso
Eu me perdi
Não sei
O que sei agora
É que há coisas na vida que só podem ser resolvidas junto do corpo de quem se ama.

Não me beije nunca mais com sua boca mesquinha



Você não voltará amor?
Era um jogo?
Me surpreendi com seu peito aberto e a saliva que saia da tua boca para a minha.
Foram golpes da vida tão fortes como nunca os viu alguém.
Era veneno?
Não posso responder.
Os mortos não falam.

Eu me confundi com a rua




Cansado da claridade
Entrei no escuro
Dolorosamente comprendi
E percebi como ele é belo e triste
Aqui dentro me sinto atropelado por um rio
Ninguém me vê
Ninguém questiona
Niguém existe
Só eu
As vezes vejo vultos de corpos familiares
Rostos conhecidos que na verdade nunca os vi
Passam
Sorrindo
Chorando
Lastimando-se
Uns cantam
Outros recitam
Mais a maioria chora
Não encontro minhas orelhas
Está tão escuro
E eu coleciono rostos
Não como os que vi passar
Coleciono aqueles que nunca verei
Não é possível que eu esqueça esta rua
A minha alma em outra pele
Era novembro quando amanheceu
Tenho ódio à luz e raiva à claridade
Me sento na rua e me vejo passar
Já são tantos os cabelos brancos
Até quando eu esperarei por você?
Tudo em mim dói como a incerteza.

sábado, 9 de octubre de 2010

Vela: O dadaismo me corroeu então souviens-toi!!!

"Te he visto pasar indiferentemente y ni una emoción se apoderó de mi, más nunca jamás perdonaré tu ausencia, tu cruel indiferencia y quiero que tu sepas que has muerto para mi" (Lecuona)




Se aproxima novembro
Como uma praga vaga e inerte
Como um beijo de marinheiro
Eu te peço uma palavra
E você me dá o silêncio
Meu coração mudo e parco de sentimentos
Não sonha mais e isso é tão triste como cadeira vazia
Nenhum vento sopra mais em meu peito aberto
Eu quero te dizer:
Amor
Você dói em mim
Sempre entre quatro paredes
E por isso, não vejo nunca ninguém
A primeira vez que você me disse adeus era novembro
De onde vinha todo aquele amor?
Agora chegas vestido como um vendedor de água que cai sobre meus olhos
Sobre você e não sobre mim, é lágrima
Lembro que no ônibus você passou a mão em meus cabelos
E na rádio tocava "total eclipse of the heart"
Nesse dia não houve morte, só nebrina e mais cadeiras vazias
Mas eu via que seus olhos começavam a ficar escuros
Era terrível estar sozinho no meio da rua
Nós queríamos que nos amássemos
Nos olhávamos, mas nunca éramos um, sempre fomos dois
Nem quando olhamos o mar você foi leal
Fala-me de teus olhos, conta-me tuas feridas abertas
E se fez outra vez silêncio
Porque você nunca voltava e era tarde e eu te esperava
Assim nunca poderíamos ser você e eu em um
Volta
Vem ver o que fez o teu amor
Me faço morrer a cada instante
Hoje te escrevo outra vez
As ambulâncias que me levam ultrapassam todos os semáforos
É hoje
Não te quero mais
Não te quero ver mais
Não te quero ter mais
Sai de dentro de mim
E me olha, eu serei torpe
Para você, que tudo sabe e nada entende, nada compreendeu
Alguma vez, mesma que pareça um sonho, voce me amou?
Lembre-se de sua dor, ainda posso ouvir seus gritos
Quem virá para me dizer que você nunca mais voltará?
E que levou todos os meus discos
Fiquei apenas com um cigarro não fumado a ouvir "tocata e fuga"
INTERMITENTEMENTE
Você confudiu a liberdade com aventura
Nunca quis sua fidelidade
Esperei sua lealdade
E não vi nenhum sentimento além de você
Meus lábios se calarão
Agora me encontro em outro que não sou eu
Uma triste razão que me fazia forte
Não mais a encontro
Talvez algum dia
Em algum ano
Talvez 2654
Nos citem
Não hoje, mais em um tempo diferente
Hoje eu apenas te faço uma pergunta
Você sabe quem me matou?

viernes, 8 de octubre de 2010

Veto: Mais um poeminha dadaísta ou rancor de alma ou ainda criação de gênio...


Quem sabe eu sinta saudade de você
Ainda que para mim nada mais é coerente
Odeio essa forma como entras em meus pensamentos
Escrevo palavras no ar, em minha mente cansada de ti
Depois de muito tempo penso:
Meu amor é como um cavalo morto
Ninguém está livre do inconsciente
Agora a solidão não se esgota de meus lábios
E é a noite que eu descubro que você nunca me disse nada
"Saio mais vazio do que entrei"
Agora quando olho a rua
Vejo que existe uma mesma porta para todos
O que muda é a maneira que cada um passa por ela
Eu sou um assassino do vazio
Não posso confessar amado meu
Mas se pudesse eu diaria:
"Que morras então e apodreças no oco do teu caixão".

Poeminha Dadaísta!!!


Percebido momento
Sua compreensão
Seu ondulante
Conduzir
Poucas sensações
Mínimas
Um detalhe
Andar
Às vezes
Meio
Sem
Alma.

jueves, 7 de octubre de 2010

AR DE NOTURNO


Tenho muito medo 
das folhas mortas, 
medo dos prados 
cheios de orvalho. 
eu vou dormir; 
se não me despertas, 
deixarei a teu lado meu coração frio. 

O que é isso que soa 
bem longe ? 
Amor. O vento nas vidraças, 
amor meu ! 

Pus em ti colares 
com gemas de aurora. 
Por que me abandonas 
neste caminho ? 
Se vais muito longe, 
meu pássaro chora 
e a verde vinha 
não dará seu vinho. 

O que é isso que soa 
bem longe ? 
Amor. O vento nas vidraças, 
amor meu ! 

Nunca saberás, 
esfinge de neve, 
o muito que eu 
haveria de te querer 
essas madrugadas 
quando chove 
e no ramo seco 
se desfaz o ninho. 

O que é isso que soa 
bem longe ? 
Amor. O vento nas vidraças, 
amor meu! 

 Federico Garcia Lorca

Da fuga - Federico Garcia Lorca

Ao meu amigo Miguel Pérez Ferrero

Perdi-me muitas vezes pelo mar,\
o ouvido cheio de flores recém cortadas,\ a língua cheia de amor e de agonia.\ Muitas vezes perdi-me pelo mar,\ como me perco no coração de alguns meninos.\ Não há noite em que, ao dar um beijo,\ não sinta o sorriso das pessoas sem rosto,\ nem há ninguém que, ao tocar um recém-nascido,\ se esqueça das imóveis caveiras de cavalo.\ Porque as rosas buscam na frente\ uma dura paisagem de osso\ e as mãos do homem não têm mais sentido \ senão imitar as raízes sob a terra.\ Como me perco no coração de alguns meninos,\ perdi-me muitas vezes pelo mar.\ Ignorante da água vou buscando uma morte de luz que me consuma.

martes, 21 de septiembre de 2010

Insustentável ou Sobre o amor e outras dores...



Não suporto o vazio das palavras caladas, mudas, mortas. Porque você entra assim na minha vida e sai de mim tão rápido como entrou. E eu, incerto, te deixei ficar... Sempe gostei do sofrer, do despregar-se de si mesmo, das longas conversas em solilóquio, de não saber o ponto onde deixo de ser eu pra ser o outro... No fundo eu sinto que te quero apenas pra poder te deixar... Mastigar o próprio ser, refazer-me... Experimento esse "eu" que não consigo terminar...

E esse choro que brota agora, nem eu sei se é verdadeiro, porque se fosse verdadeiro o coração devia acompanhar angustiado por não saber o que perdeu, enquanto a razão zomba, dizendo que não se pode perder o que nunca se teve... E assim, com essa mescla de loucura e sanidade eu sigo com o tempo. Andando perdido nos puídos dos meus próprios vãos, sem saber ao certo quem sou e o que quero agora, ontem eu não sabia, hoje não sei e a amanhã contianua incerta como os beijos que você me deu...

Densa atmosfera que paira sobre meus pensamentos tortuosos, despretensioso estou em relação a vida que me segue, pois deveria ser eu seguindo a vida? Não. Deveria ser "eu vivendo a vida" ...

-Você me atrai. Disse ele. E me beijou como beijam os Mouros...

Começo a sufocar e sem ter pra onde fugir, porque todos os lugares onde vou já me são conhecidos, preciso me reinventar e encontrar novos esconderijos de mim, queimar em minha própria chama, mas dessa vez tenho receio que talvez eu me torne cinzas... E que não seja você o vento que me leve...

Até quando posso ser lindo, livre e louco?

miércoles, 30 de junio de 2010

Construção de dois 4: Dànskï e Gildo em Solilóquio de São João



Andando pela rua alheio a tudo, olhei a fogueira de São João e pensei que não saberia dizer se ela me queria tanto quanto eu a ela naquele instante. Quis ardentemente que suas chamas me lambessem e que as labaredas consumissem aquele corpo que eu achei que era meu, mas a cada dia vou descobrindo que não me tenho mais, desde que entreguei meu coração num tempo que nem me lembro quando. Antes que me lançasse às chamas, sentei na calçada me afastando mentalmente dos últimos pedidos de casamento e declarações de amor, chorando mais que chuva...



...pensei que podia me afastar de mim mesmo, já que não reconhecia mais nem minhas próprias atitudes, mas acho que tive medo de entrar em mim e nunca mais me reencontrar. Mais uma vez sentado no chão, me deixei escorrer pelos cantos, sentindo que um rio de tragédias se misturava ao meu sangue deixando a minha alma arrepiada pela certeza de que desde o início eu soubera de tudo e mesmo assim, não tivera medo e me lancei, porque gosto das coisas inexplicáveis, que pra você são só ar e sangue... gosto do calor dessa fogueira, que deixa minha alma cada minuto mais gelada.


Sinto que estou a cada dia mais vazio de mim. Vivo a rabiscar frases, traçar desenhos tortos. Na semana passada, comprei uma máquina de picotar papel na intenção de apagar o passado e foi tudo em vão: com a cara escorrendo e o copo de vinho vazio, senti uma solidão tão dolorosa, enquanto a máquina transformava fotos e textos em tiras fininhas... Pensei que um dia não estarei mais aqui e então será que alguém iria olhar essas coisas com carinho e curiosidade, ou seriam todas postas numa caixa sem destino certo, além de teias de aranha e pó. Ou quem sabe se algum dia iriam formar desenhos de meu passado subindo na fumaça d'uma fogueira como esta...


Acho que meu maior (de)feito é ver poesia em tudo, até mesmo no sangue e na lágrima. Até nessa dor que me atravessa a garganta, sem atravessar minhas noites e dias. Tenho um certo medo de um dia não existir nenhum rastro de mim. Ando lendo desenfreadamente, marcando e grifando, deixando minhas impressões nos livros usados que compro, na esperança de encontrar subterfúgios e meras passagens de um alguém que se perdeu no caminho ou nunca quis ser encontrado. E também imagino alguém lendo um livro que li e pensando no quanto sofri nesse dia, nessa vida. E se pensar por que sofri, é porque sofre também. Às vezes eu mesmo sofro assim ao ler alguns livros e fico sem ar, paro de ler e penso em quem escreveu...


...olhando pra dentro da fogueira eu continuo meu solilóquio inútil, me sentindo o cara mais complicado do mundo. Às vezes me sinto tão complexo, quanto se tivesse fases e todas elas fossem trágicas. Acredito cada dia mais que constatar verdades é uma mentira na qual nos esforçamos em acreditar, porque afinal de contas o que é a verdade? É axioma, definição exaustiva, conceito? Em que mundo deserto eu caminho, tão árido, só tendo o oásis de minha auto-estima intermitente? Disseram que eu sou um anacoluto ambulante, mas prefiro achar que eu sou aforismo. Não é que deixe as frases quebradas. É que elas são o suficiente pra redundar se houver delongas...


Onírico ou louco? Ando ouvindo o som da minha própria voz. Quando não me ouço, parafusos imaginários saltam de mim. Minha mente vã me faz pensar que me despedaço e o pior que tenho a impressão de que ouço o barulho de mim mesmo caindo de mim, enquanto meu coração dispara, querendo encontrar alguém pra passar a noite ouvindo Piaf e fraseando na madrugada, enquanto choramos mágoas tomando vinho barato, pra dor de cabeça do dia seguinte dispersar as lembranças.


Levanto e deixo pra trás a fogueira, que vai queimando minhas vontades e eu vou pensando bobagens: se alguém escrever uma poesia pra mim num papel velho e me entregar, eu me caso, mas só se a poesia for boa. Odeio rima pobre! ...a não ser que seja um soneto...


E então, sozinho em um quarto que não é meu, numa cama onde amores furtivos passaram em braços que nunca estarei, olho pela janela e vejo outro prédio. Alguém vê televisão. Ainda é São João, mas não há fogueiras lá fora. Resta apenas o frio no fundo do meu coração. Disputo com as formigas o último pedaço de chocolate amargo, meu preferido e você nunca soube, agora vou mudar de sabor, pois quando provei lembrei do último beijo que você me deu.


Fecho a janela e penso com o coração ainda disparado: todos têm a segunda chance por direito...

viernes, 11 de junio de 2010

Construção de dois "3": Gildo e Danski, no escuro do penhasco



Acordei de alma mais puída que o amor que procurei entre os vãos.
Talvez porque minha alma seja mais ilha do que eu me sinta mar.
O que é minha intenção? Borboleta preta ou lagarta verde? Não sei.
Não passo a vida buscando o passado que eu quis.
O passado passou e só ilumina o que deixei lá atrás.
Vou em busca é do escuro dos penhascos.
E não ofereço minha mão perguntando a ninguém
"Se eu pular, você pula?"
Prefiro pensar que sou estrada muito estranha, pra alguém trafegar.

"Poucas serão as pessoas que vão querer
carregar a mesa de madrugada com você.
Quando achar essa pessoa, acabou sua busca."
Estava escrito isso no meu biscoito da sorte.
Mas sabe? Prefiro carregar só e você me diz onde fica melhor
e vou te amar assim mesmo.
A gente discute e assim se encaixa.

Sei que é trabalho pra Hércules achar quem carregue junto
e se você achar, agarre, respeite, compreeenda e alimente o amor
até que chegue o dia de alguém partir.
Em vez de procurar a metade, alguém que carregue a mesa
penso é que jamais me contentaria com remendo.
Sei que minha metade veio ao mundo pra me ver e nunca me encontrou
E a mim pouco importa o que foi feito dos tesouros
que busquei em vãos puídos.
Mudo a vista de lado, e calo, esperando a calmaria dos ventos
O resto? Vai fluindo, vazando, escorrendo...

É, eu bem que chorei e esse amor foi um dilúvio,
naufrágio ou rio de lágrimas. Sobrevivi de alma já seca.
Porém não me iludo e sei que o pior ainda será
suportar o vazio do porta retrato
e eu tenho um vazio aqui. A foto vai e vem.
Mil vezes rasguei, revelei
E tentei além de mim, muitas vezes
Então tornei a rasgar...
Acho que vou amar alguém que me ame
e mesmo que saiba que eu não amo, vou achar que sim
Pra vida ficar menos árdua.

É que quando a gente ama, se perde.
Melhor não é amar, é curtir os sentimentos
sem deixar que a dor entre ao passar pela porta.
E se ela chegar, aviso que é o dia de faxina
E que tô jogando fora os livros sobre metamorfoses
Porque quanto mais a gente ama, mais o amor acontece
E muda, transforma. E o amor não quer transformação
Quer ser vivido, amado, sentido...
A velha história no escuro do penhasco
Se eu pular, você pula?

Cansaço de cair só no vácuo
e procurar o amor naquele tal puído dos vãos...
De dar-me por inteiro e receber tão pouco...
Li ontem um velho poema teu, "Meu coração em pó"...
"No corredor estreito que se tornou a minha vida,
eu sigo procurando tua imagem, as paredes me sufocam,
enquanto eu piso nos restos
da ausência que o teu amor deixou..."
Penso que já não dá mais pra mim.
Sofrer amadurece e eu quero mais é ser criança.
Daqui a pouco olho no espelho e pergunto:
Quem sou eu? O que fiz de mim?
Crise existencialista a essa altura, dá mais não...

...mas sabe o que em mim pesa agora?
É que ninguém quer mais ouvir a mesma história
Já encheu o saco e não da pra ter dois lados:
um que ri e um que chora a mesma mágoa,
o mesmo tédio, a mesma angústia funda sem remédio,
Eu vou é me dar ao luxo, mudar o mote.
Sei que o tempo não tem feição, não tem cheiro e nem tem cor...
Então se é assim, estarei na porta de saída, vendo o portão de chegada.

E rasgo de vez aquela carta que te escrevi faz 10 anos
mas esqueci de entregar.
Assim como você não quis explicar quando foi
que esqueceu de dizer que deixou de me amar, pra não me magoar.
Sei que você não tem culpa, afinal, por mais que acredite
que minha cabeça seja diferenciada de muitas
e que tenha um monte de vozes gritando ao mundo e a mim
que quando alguém abandona outro alguém devia apenas dizer:
"vou de trem, adeus meu bem e passe bem".

miércoles, 5 de mayo de 2010

Se eu pudesse ir e não me levar...



Nada poderia ser mais diferente de mim do que eu mesmo. Por isso, é unicamente na solidão que por vezes eu atinjo uma certa continuidade existencial, mas de repente a minha vida se entorpece, para. É quando sinto uma imensa dor da qual ninguém adivinha e literalmente eu sinto que vou deixar de ser...

É quando sinto que meu coração bate apenas por simpatia...

Ultimamente não tenho me sentindo vivo, apenas quando escapo de mim para viver no outro ou me tornar qualquer um...

Nada para mim tem realidade, senão poética... A começar por mim mesmo...

Parece às vezes, que não existo realmente, mas que simplesmente imagino que sou. Aquilo em que mais custo a crer é em minha própria realidade. Escapo-me de mim sem cessar, e nunca me compreendo bem, quando me observo agir e que aquele que vejo agir seja o mesmo que observa e que se surpreende e duvida e acredita que não é mais, nem voltará a ser...

Então calo e imagino sentir o que sinto...

É como se eu estivesse indo sem me levar, sem saber que vou...

Acordo e repito. Ah se eu pudesse ir e não me levar...


"Gosto da noite imensa, triste e preta, como essa estranha e doida borboleta que eu sinto sempre a voltejar em mim"...

Cochabamba-Bolívia