domingo, 25 de diciembre de 2011

Pero hay algo que es de ley, él que rompa pagará y se llevará los cachos de esta cruda realidad. Cada luna llena al mes, sola te preguntarás como de feliz seria nuestra vida, yo solo le pido a dios que te cuide y que te de todo lo que tú le pidas, pero te lo de alrevez,  ahora me despido yo. Atentamente: nunca tuyo.





sábado, 17 de diciembre de 2011

Instante

Neste instante por ligaduras de afeto, por me chamares de louco, velho e insuportável, torno-me palavra tua, muito aparentada com asa ou com fogo, montanha de pedra, boca minha na tua boca, faço-te o enorme presente deste aviso: ama somente o que te é parecido, não grudes a tua carne a espuma do pensamento de outro homem, liga-te somente a mim, que te tenho por direito, e a noite encolho-me ferido porque te penso e nesse instante não te tenho.

sábado, 19 de noviembre de 2011

viernes, 11 de noviembre de 2011

Ausência de ser o que não se é!!!

Frederick Leighton 1830-1896


Balanço-Gólgota do Sistema, Otimização Satisfatório Satisfaciente, verdura-rúcula-de-prata na bandeja de nós dois.

sábado, 15 de octubre de 2011

Noite!!!



A noite fecundava o ovo dos vícios...
Tal uma horda feroz de cães famintos,
atravesssando uma estação deserta,
uivava dentro do "eu", com a boca aberta,
a matilha espantada dos instintos...

Augusto dos Anjos

Do amor

Costuro o infinito sobre o peito
e no entanto sou água fugidia e  amarga
Eu sou crível e antigo como aquilo que vês:
Pedra, frontões no todo inamovível
Terno, me adivinho montanha algumas vezes,
Recente, inumano, inexprimível.
Costuro o infinito sobre o peito.
Como aqueles que amam.

jueves, 1 de septiembre de 2011

Pedido?


Vem sentir o calor dos lábios meus a procura dos teus. Vem matar essa paixão que me devora o coração e só assim então serei feliz, bem feliz.

lunes, 25 de julio de 2011

Antes que julho termine...

Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...
Florbela

lunes, 20 de junio de 2011

EN LA DOLIENTE SOLEDAD DEL DOMINGO...


Aquí estoy,
desnuda,
sobre las sabanas solitarias
de esta cama donde te deseo. 

Veo mi cuerpo,
liso y rosado en el espejo,
mi cuerpo
que fue ávido territorio de tus besos,
este cuerpo lleno de recuerdos
de tu desbordada pasión
sobre el que peleaste sudorosas batallas
en largas noches de quejidos y risas
y ruidos de mis cuevas interiores. 


Veo mis pechos
que acomodabas sonriendo
en la palma de tu mano,
que apretabas como pájaros pequeños
en tus jaulas de cinco barrotes,
mientras una flor se me encendía
y paraba su dura corola
contra tu carne dulce. 


Veo mis piernas,
largas y lentas conocedoras de tus caricias,
que giraban rápidas y nerviosas sobre sus goznes
para abrirte el sendero de la perdición
hacia mi mismo centro
y la suave vegetación del monte
donde urdiste sordos combates
coronados de gozo,
anunciados por descargas de fusilerías
y truenos primitivos. 


Me veo y no me estoy viendo,
es un espejo de vos el que se extiende doliente
sobre esta soledad de domingo,
un espejo rosado,
un molde hueco buscando su otro hemisferio. 

Llueve copiosamente
sobre mi cara
y solo pienso en tu lejano amor
mientras cobijo
con todas mis fuerzas, 
la esperanza.

Gioconda Belli

miércoles, 25 de mayo de 2011

Eu não quero acordar de você!



Jaques-Alexandre Chantron (1842-1918)
Foi maio sim e nunca mais esqueço.
A palavra chamada amor
A saudade despedaçada
Tua boca em mim
Teu peito aberto ao meu apego
As palavras mudas e silenciadas
O desejo de te amar até que nada mais eu seja
E se um dia teu amor me faltar
Não me adianta mais viver
Eu pedirei pra voltar no tempo
E parar naquele exato momento
Em que eras meu
E dizer-te
Que ser teu me faz feliz
E se um dia eu descobrir que ando sonhando
Te imploro:
Eu não quero acordar de você.

sábado, 30 de abril de 2011

As ruas lembrarão de mim?



Quando meu corpo não estiver mais aqui
Me pergunto
Se essas ruas que hoje ando
Lembrarão meu nome
Se as paredes antigas suspirarão de saudade
De mim
Se o céu será o mesmo
Se as águas ainda se moverão
E onde estarei?
Me pergunto
Se todos os lugares onde por onde
Passei
Sentirão saudade de mim
Ou sussurrarão meu nome
Pensarão em mim
Com a mesma intensidade que penso
Em ti...

lunes, 18 de abril de 2011

Melendi
"Quiero que no vuelvas a verme desnudo, a mi corazon se le hace un nudo, si me aprietas como una tenaza, atenaza mis nervios, que ya no son de hierro son de lana, cuando me miras me vuelvo cordero y cuando no me miras no soy nada".

jueves, 14 de abril de 2011

Devolva-me o Neruda que você me tomou e nunca leu!

Foto: Aymeric Giraudel


Pensei morrer, senti de perto o frio,
e de quanto vivi só a ti eu deixava:
tua boca era o meu dia e a minha noite terrestres
e a tua pele a república fundada por meus beijos.

Nesse instante acabaram os livros
a amizade, os tesouros sem trégua acumulados
a casa transparente que tu e eu construímos:
tudo deixou de ser menos os teus olhos

Porque o amor, enquanto a vida nos acossa
é simplesmente uma onda alta sobre as ondas
mas ai quando a morte nos vem tocar á porta

Só existe o teu olhar para tanto vazio,
só a tua claridade para não seguir sendo,
somente o teu amor para encerrar a sombra.
 

Pablo Neruda

Vine a este mundo con ojos y me voy sin ellos!!!



Teu corpo destoa
Como uma casa vazia
Esqueci como tuas mãos me
Satisfaziam
E como dói em mim
Esse te querer tanto
Das minhas mãos
Só vejo sinais
Sem rumo
Sigo a água que me leva
Água dos olhos
Nem sou mas
Eu
E a vida
Que te dei
Não é mais
Minha
E pra todos
Os rostos
Que vejo na imensidão
Todos tem sua imagem vergada
E hoje
Eu sou um vácuo lancinante
Quando te vejo passar
Com outro alguém
Eu
Vim ao mundo com olhos
Mas vou embora sem eles
Não te quero ter
Nem te quero  ver
Quando passas
Por mim
I N D I F E R E N T E M E N T E...

"Te he visto pasar indiferentemente y ni una emoción se apoderó de mí, te he visto pasar y ni un recuerdo vago vibró en mi corazón cansado de tí, tú sabes muy bien que fuistes mi locura y sabes tambien que tuyo fue mi amor, más nunca jamás perdonaré tu ausencia, tú cruel indiferencia y quiero que tú sepas que has muerto para mí". 
Lecuona

domingo, 10 de abril de 2011

Diários!!!


Carrego comigo
Três chaves
De diários nunca lidos
Todas as paredes
Me levam a imensidão da
Dor
Minha casa é vazia
Minha alma é vazia
Agora
Choro
Minhas lágrimas se tornam
Rio
Onde afogo
Esse
Pranto.

"Como yo te quise nadie te ha querido".

sábado, 19 de marzo de 2011

Hoje não pude dizer pra mim mesmo se houve un "nós" entre eu e você!!!

Georges de La Tour (Março 13, 1593 – Janeiro 30, 1652)-França

Foi Julho sim. E nunca mais esqueço.
O ouro em mim, a palavra
Irisada na minha boca
A urgência de me dizer em amor
Tatuada de memória e confidência.
Setembro em enorme silêncio
Distancia meu rosto. Te pergunto:
De Julho em mim ainda te lembras?
Disseram-me os amigos que Saturno
Se refaz este ano. E é tigre
E é verdugo. E que os amantes
Pensativos, glaciais
Ficarão surdos ao canto comovido.
E em sendo assim, amor,
De que me adianta a mim, te dizer mais?

(Hilda Hilst)

martes, 15 de marzo de 2011

Eu te amo por nós dois!!!

Bretanha - França
Me perdoa amor a indiferença
De ideias vagas mesmo sem ser teu
Mas todas as lágrimas serão sempre minhas
O pranto da infelicidade será só meu
A agonia das noites solitárias
Os domingos tristes e cinzentos
A dor da ausência sentida a teu lado
Me perdoa todo esse amor de mim
E como um sopro vago
Eu sem te ver
A sentir teu desamor
Sem tua boca
Interroga-me
Te imploro
E você nunca precisará me amar
O meu amor será suficiente pra nós dois...


"Lave ma memóire sale dans ce fleuve de boue"...

lunes, 14 de marzo de 2011

Chego onde sou estrangeiro...



Nada é tão precário quanto viver
Nada quanto ser é tão passageiro
É quase como gelo derreter
E para o vento ser ligeiro
Chego onde sou estrangeiro
Um dia passas a margem
De onde vens mas onde vais então
Amanhã que importa que importa ontem
Muda o cardo e o coração
Tudo é sem rima nem perdão
Passa na tua têmpora teu dedo
Toca a infância como os olhos veem
Baixa as lâmpadas mais cedo
A noite por mais tempo nos convém
É o dia claro envelhecendo
As árvores são belas no outono
Mas da criança o que é sucedido
Eu me olho e me assombro
Deste viajante desconhecido
Seu rosto e seu pé desvestido
Pouco a pouco te fazes silêncio
Mas não rápido o bastante
Para não sentires tua dessemelhança
E sobre o tu-mesmo de antes
Cair a poeira do tempo
É demorado envelhecer enfim
A areia nos foge entre os dedos
É como uma água fria em torvelim
É como a vergonha num crescendo
Um couro duro corroendo
É demorado ser um homem uma coisa
É demorado renunciar totalmente
E sentes-tu as metamorfoses
Que se passam internamente
Dobrar nossos joelhos lentamente
Ó mar amargo ó mar profundo
Qual é a hora da preamar
Quanto é preciso de anos-segundos
Ao homem para o homem abjurar
Por que por que esse gracejar
Nada é tão precário como viver
Nada quanto ser é tão passageiro
É quase como gelo derreter
E para o vento ser ligeiro
Chego onde sou estrangeiro

Louis Aragon (Paris, 3 de outubro de 1897 — Paris, 4 de dezembro de 1982) foi um poeta e escritor francês.

domingo, 20 de febrero de 2011

Quando a certeza me visita ou desfaça-se de sua parte que ainda pensa que ama ou ainda mais uma vez e sempre, não adianta mentir...

Iman Maleki (Teerão, 1976 - ) pintor iraniano.


E o que era pra ser não foi, nem será...
E assim termina o que nunca na verdade começou e o meu coração volta ao bolso de onde ele nunca deveria ter saído.

E eu nem sei o que sinto agora.

É como se mais nada fosse tão triste.

Ma Mémoire Sale

Lave
Ma mémoire sale dans ce fleuve de boue,
Du bout de ta langue nettoie moi partout,
Et ne laisse pas la moindre trace
De tout
Ce qui me lie et qui me lasse
Hélas!

Chasse,
Traque la en moi, ce n'est qu'en moi qu'elle vit,
Et lorsque tu la tiendras au bout de ton fusil,
N'écoute pas si elle t'implore,
Tu sais
Qu'elle doit mourir d'une deuxième mort
Alors,
Tue la... encore.

Pleure!
Je l'ai fait avant toi et ça ne sert à rien,
A quoi bon les sanglots inonder les coussins?
J'ai essayé, j'ai essayé
Mais j'ai
Le coeur sec et les yeux gonflés
Mais j'ai
Le coeur sec et les yeux gonflés

Alors brûle!
Brûle quand tu t'enlises dans mon grand lit de glace
Mon lit comme une banquise qui fond quand tu m'enlaces
Plus rien n'est triste
Plus rien n'est grave
Si j'ai...
Ton corps comme un torrent de lave
Ma mémoire sale dans son fleuve de boue
Lave!

Lave!
Ma mémoire sale dans ce fleuve de boue
Lave!
 
(Alex Beaupain)

miércoles, 9 de febrero de 2011

Devolva o Neruda que você me tomou e nunca leu...

Louis Garrel
Onde estás? Notei, para baixo,
entre gravata e coração, acima,
certa melancolia intercostal:
era que de repente estavas ausente.
Fez-me falta a luz de tua energia
e olhei devorando a esperança,
olhei o vazio que é sem ti uma casa,
não ficam senão trágicas janelas.
De puro taciturno o teto escuta
cair antigas chuvas desfolhadas,
plumas, o que a noite aprisionou:
e assim te espero como casa só
e voltarás a ver-me e habitar-me.
De outro modo me doem as janelas.
Neruda

miércoles, 26 de enero de 2011

Saio mais vazio do que entrei!!!


Gustave Caillebotte (Paris, 19 de Agosto de 1848 - Gennevilliers, 21 de Fevereiro de 1894)


Quando o coração insiste
Seja mais forte e persistente
Não amar torna a alma vazia
Amar faz a alma apodrecer
Descobri que o amor e a tristeza são irmãos
Andam juntos
A elaborar planos
A endoidecer a permissão
Exagerar nos sentimentos
Depois de tudo instalado
Quando tudo amanhece em você
Quando a noite torna-se quieta
Chega a espera
Entra então a tristeza
Em suas asas ela traz o abandono, o vazio e a dor
Te imobiliza
E tudo que você deseja é deixar de existir
Confesso: gosto da dor
Essa dor aguda que parece não ter fim
Se me perguntarem porque gosto da dor
Responderei sem hesitar: Prefiro sentir a dor que não sentir nada
E hoje como há muito suspeitava
Não tenho mais coração
E a cada vez que alguém se vai
Eu saio sempre mais vazio do que entrei.

miércoles, 19 de enero de 2011

Todo tempo que não tenho ou a lágrima que nunca seca!!!


"Para ver todo que se ha ido
Amor inexpugnable, amor huido!
No, no me des tu hueco,
Que ya va por el aire el mío
Ay de ti, ay de mí, de la brisa,
Para ver que todo se ha ido. 
(Federico Garcia Lorcar)

Tenho tido quase tudo, tempo que é o mais importante para inventar o que fazer, mas o meu tempo é o do pensar, vaguear, sentir que posso me afastar de mim estando eu sempre a esmo, no mesmo lugar onde me deixei ficar, atônito, opaco, sem viço algum, sem nenhum interesse por mim mesmo, apenas eu ali, num canto qualquer de mim mesmo, solto e ao mesmo tempo preso, as vezes soberbo, as vezes inerte, outras vezes lacrimejante. 

Assim, entro eu numa nova década de espera. "Espera", palavrinha presente e vaga, porque não sei por onde esparar a espera, não sei onde começar a procurar. É isso, como não sei o que busco, espero e, nessa espera de não se saber o que se espera e muito menos o que se busca, vou deixando de ser eu e cada vez mais longe de mim, me perco e perdido não posso voltar a mim e sem voltar a mim, não posso mais ser eu e não sendo eu, sou outro e não tenho gostado desse outro que agora sou, já que me perdi e não voltei mais a mim.

E agora? O que faço eu com esse outro? Devo deixá-lo ficar? Ou deixo que ele se perca como eu me perdi? Se ele se perder, virá um outro diferente? E se esse outro diferente que vier não for nada parecido com o primeiro eu que se perdeu e muito menos ainda, bem diferente do eu que agora sou, (me perdi), e que não ando a gostar. Não sei.

Tenho dias bem felizes dentro de mim, mas é uma felicidade presa, porque esse eu, na verdade esse constante de "eus" novos, mutam muito rápido e não consigo distinguir quando tenho um novo eu alegre ou um novo eu triste, assim, a felicidade fica presa em alguma parte, com receio de sair. Já a tristeza chega todas as noites e deita com esses "eus" que agora sou, enquanto o eu que creio está perdido vem em sonhos, esse eu traz consigo sua lembrança, adormeço serenamente como se estivesse em teus braços, mas chega o dia e um novo eu desperta.

Percebo com o tempo que tenho, com todas as noites vazias, que a cada dia sou um eu mais vazio de ti, e  não sei até quando viverei assim, um constante entrar e sair de mim como seu eu fosse muitos, quando creio não ser ninguém. Não tenho respostas, mas sendo vários como sou agora, acredito que te tenho inteiriço como nunca pude te ter. Então que seja assim, serei um novo eu a cada dia, e a cada noite volto a ser eu mesmo, e decreto a mim mesmo que eu possa ser tudo que queira ser, vento, chuva, tempestade, poeira esquecida, livro de poesias, o outro que você beija, água de rio, amanheceres, noite de lua, disco na vitrola, balanço de rede... Serei tudo isso para afastar o que quero ser nesse momento...

Sendo tudo que quero, chegará o momento em que não serei nada, não sendo nada, posso escolher um fim, serei árvore então, sendo árvore por um tempo, terei tempo pra pensar no que não fomos, desejarei  não mais sê-la, deixando de ser árvore, volto a ser outros, todos os outros menos eu, serei todos os outros que possuem tua boca, tua pele, teu corpo, serei sempre o outro e nunca eu mesmo, sendo outros serei sempre teu, mesmo que nunca voltes a mim e nunca mais outra vez e sempre sejas de volta meu, eu sei, diz um dos meus "eus": "eu e você nuca fomos nós".

Mas em meu peito há um pássaro de papel que sempre canta: "que el tiempo de los besos de amor no ha llegado"...

lunes, 17 de enero de 2011

Parar pra pensar, deitar no tapete e olhar o teto.



Esses dias vazios
Tenho você entranhado em mim
Penso em você todo o tempo
E com o tempo que sobra
Eu penso em você mais um pouco.

Todos os dias
Quando estou ao banho
Penso em você
E no chuveiro esqueço se lavei o cabelo

Então lavo o cabelo novamente
Sem saber ao certo se o lavei
Acontece que estou ficando sem champú.

(Verdades cotidianas I)

Antes que janeiro acabe!!!



É tão imenso o vazio de nós dois, que tudo em mim é nada
Trago janeiro na carne como se fosse dezembro
Coleciono novas palavras de mim para o outro
Tenho cadernos vazios e palavras desfeitas em versos tristes
Tudo em mim anda perdido como a vaga
E tua presença sempre a me perguntar o que me resta
E eu?
Ai de mim, sem resposta pra quem sou agora
Me vejo a vagar
E agora meu coração não tem lugar próprio
Não sou mais dono do meu coração
Sou todo coração
Em todas as partes palpito...

Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!

Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente…
Talvez sejas a alma, a alma doente
D’alguém que quis amar e nunca amou!

Toda a noite choraste… e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!

Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh’alma
Que chorasse perdida em tua voz!

Florbela Espanca