domingo, 14 de junio de 2009

A burrinha da felicidade ou a tampa da panela...

Nos ditados populares, repassados de geração em geração e, evidentemente modificados de boca em boca, lembrei-me de uma canção que diz o seguinte: "Se avexe não, que a burrinha da felicidade nunca se atrasa, se avexe não, que um dia ela passa na porta da sua casa". Nada de príncipe em cavalo branco, uma simples e feliz burrinha. E no meio de tantas tragédias humanas, sentimentos resguardados, onde a felicidade anda escassa, peguei-me pensando em meio a dores fortes de cabeça, tremores, febre altíssima, calma... Não é a suína, assim espero. Voltando... Reza a lenda que há muitas luas, uma saborosa iguaria, conhecida como "charque", era produzida da espécime que na canção citada acima, seria encarregada de trazer a felicidade... Me peguei pensando mais uma vez, será que ela nunca veio porque virou charque?

Mas como desistir não é fácil, tem mais...

Reza outra lenda que todos nós somos comparados com panelas e respectivamente toda panela possui uma tampa que lhe encaixa perfeitamente. Dizia minha mãe, "toda panela tem sua tampa meu filho, às vezes não encontramos a certa, mas é assim mesmo, a errada dá um jeito". Triste com isso, pensei, ficar com a tampa errada, ou seja, com a pessoa errada, não me pareceu muito justo. Como o pensamento muitas vezes não tem domínio próprio, me peguei pensando novamente, se é um dito popular, obviamente que na época em que surgiu, não existiam as panelas sofisticadas de hoje em dia. Lembro das panelas de barro da minha querida e saudosa vó, e lembro ainda do fogão de lenha, onde jaziam as imensas panelas de barro, uma das maiores era onde minha vó preparava as cocadas, e sobre ela uma triste e sem gracejo algum, tornando-se cada vez mais escura, uma vez que não foi feita para fogão a lenha, estava lá, uma tampa vã de alumínio. Pensei, é assim a vida de muitos casais, absorvida pelo erro, mas pelo medo da solidão vindoura, do medo de estar só quando Kerollynne vier nos dar a mão e nos encaminha para a luz ou não, fazemos isso, escrevemos tristezas no seio da terra, juntamos a ilusão do incerto pela segurança de ter alguém... Mesmo que não seja quem gostaríamos que fosse, mas nada de tristezas infindas. Revelo que apesar da panela não ter a sua tampa apropriada, as cocadas eram deliciosas. Talvez a vida seja assim, nos habituamos e com o tempo aprendemos a amar, reinventamos o amor...

E eu? Com tantas agonias e vendo o tempo passar, fico ainda, olhando vez ou outra as pessoas que passam apressadas pela rua da cidade, imaginando que tanto a burrinha da felicidade quanto a panela e a tampa, são sinônimos e antônimos pra alma gêmea, mas essa coisa de alma já foge do meu entendimento, acreditando em Oscar Wilde que disse sabiamente: "Aqueles que veem qualquer diferença entre corpo e alma, não possuem nenhum dos dois".

Feliz Dia dos Namorados

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