sábado, 6 de noviembre de 2010

Vento, objetos perdidos e encontrados ou o que fazer quando recoloco tua fotografia no porta-retrato!!!



Esses dias andei pensando muito, demasiado pra ser sincero. Uns fantamas andaram me assombrando, logo eu que não acredito em fantasmas, a não ser quando eles quebram algo e me dão um trabalho danado pra consertar, como foi no caso da lâmpada da cozinha que se estilhaçou e encontro cacos até hoje, logo na cozinha, lugar obviamente, completa de alimentos, bem, não tão completa, mas há umas bolachas noturnas.

Saí, comprei peças, remontei, comprei novas lâmpadas e ao fim do dia, fez-se a luz e a luz foi feita, com isso, limpeza mais detalhada, mas chega, todo esse drama, pra interromper o meu drama. Sexta à noite, alguns compromissos, nada que me agradasse ou eu não queria ser agradado, pus-me a revirar caixas de recordações, poemas, folhas amareladas (pausa... espirros), cartas, frases esquisistas e perguntas. Porque eu escrevi isso? Sei lá, tava escrito e guardado, "en la caja de recuerdos", foi aí que do nada, ouvindo Maria Bethânia loucamente, pausa para sentir a música que eu ouvia... (você não sabe quanta coisa eu faria, além do que já fiz. Você não sabe até onde eu chegaria, pra te fazer feliz. Eu chegaria onde só chegam os pensamentos, encontraria uma palavra que não existe, pra te dizer nesse meu verso quase triste, como é grande o meu amor)... Quando do nada, por encanto de assombração, encontro as duas fotos suas, passado remoto, louco, olho no olho, me remeto ao passado novamente, que sempre volta e eu sempre fujo. Dessa vez então decidi agir. De repende, um vento levanta a cortina do quarto, voam papéis, bilhetes, fotos, pequenos desenhos, postais de viagens e um passe do metrô de Paris, pra ser clichê, afinal de contas era da "caja de recuerdos".

Pensei em chorar, talvez até tenha chorado e não quis admitir aqui nesse texto sem sentido, ok, admito, lágrimas rolaram, pra ser mais sincero, uma tespestade interminável brotou de meu olhos. E sem saber porque, agora tenho novamente comigo dois porta-retratos com fotos solitárias de alguém que me esperou por um tempo e por um tempo eu pensei que ele me esperava, mas não sabia se a espera seria pra sempre e se no encontro definitivo o amor seria pra sempre, se o olho se veria todo dia, e o brilho do olho perduraria, e assim, sem nada querer qualificar, o medo se apossou de mim e eu, covarde na época e covarde hoje por não admitir, fugo do amor e da paixão...

Agora se há respostas, eu queria encontrá-las, porque quatro anos após eu ter fugido, tenho dois porta-retratos dele, posso chamá-lo de "meu amor", posso, o texto é meu, posso chamá-lo como quiser. Descobri que fugir é mais fácil, porque se você foge não há justificativas, mais depois percebi que com o tempo, existe uma legião de perguntas que te perseguem  e te afligem insistentemente, te enlouquecem e pra ficar louco, basta cruzar uma simples linha.

Hoje não sei mais de mim, quem eu sou? Sei lá, "  sou a roupagem de um doido que partiu numa romagem e nunca mais voltou".

Reveleção: Apesar de tudo, das mágoas, dos cafés, das palavras de amor, dos bilhetes, das fotos, do beijo no trem, da cabeça no ombro, das doses de run, do aconchego do teu peito aberto, de você lendo Lorca pra mim quando amanhecia, sua mania de comer chocolate amargo com café sem açúcar, de você em mim, de nós juntos, dos dois corpos masculinos, me dou conta, sozinho, dentro de mim mesmo, como eu te amei.

E a resposta que busco encontro agora... Por alguns anos, tentei suportar.

Nosso amor foi intenso, cego ao mundo, era um interior, onde só existiam poesias, eu e você... Mas, alguém, quebrou tudo isso, não consigo lembrar quem, lembro da dor que ainda sinto.

Nosso amor definitivamente foi um desatre,
Um naufrágio com duas vítimas.
Mas agora sem você.
É difícil viver, pero sigo.
Mas não pude suportar o vazio do porta-retrato, onde você sereno, me esperava.

Você tinha uma rosa amarela e sangrava por causa de um espinho, rosa e sangue, sempre achei as rosas vermelhas soberbas, com sua intenção de paixão e sedução, já as amarelas me seduzem pelo simples fato de serem elas memas, de não repersentarem nada...

Eu te amo, te amo, te amo, te amo, te amo.

Quero que o mundo todo saiba, mas se um dia, quizás você venha a me perguntar eu direi sem lágrimas, sem rosas, sem aconchego, que não te quero ter, porque você dói em mim...

E eu prefiro a minha dor.

Porque?

Porque é minha dor, não é de mais ninguém...

Eu te amo, eu amo você. Mas espero que você nunca saiba.

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