miércoles, 15 de abril de 2009

Adivinha-me porque faz frio

Nestas noites frias e chuvosas o pensamento galopa por lugares desconhecidos e o que era perdido torna-se irrecuperável, diante de mim, passa o passado, soberbo e inerte, sem querer ser ou qualificar nada, apenas passa e volta e mais uma vez passa...
Eu fico aqui, sem saber sentir e me questiono, me pergunto, me dilacero, meu peito irrompe loucamente, como um desejo de portas por abrir.
Eu que já não era nada, torno-me pó, cinza e nada sei. Antes quisera saber e poder reaver algo que nem suponho o que possa vir a ser, o devir, e agora no meio de tanta gente e só comigo mesmo eu me redescubro velho, envelhecendo seria a palavra adequada a desadequação da vida...
A hora dos questionamentos, esse maldito calor da hora. E agora?
E agora?
E agora?
Respostas, por favor, tenham dó, tenham piedade desta alma inquieta, que sem corpo e sem separação começa novamente a vaguear, perdida no calabouço, lançado como um açoite numa noite fria e escura, solto como um grito de dor de abandono, sem amor, oco, vazio. Torno-me mais uma vez pó...
Eu te vejo, mas não sei onde estás e nem ao certo de um dia virás, tudo que peço é que venha e adivinha-me porque faz frio, esquenta-me com tua adivinhação de mim. Compreende-me, porque eu não estou me compreendendo.

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