lunes, 18 de mayo de 2009

Vale do Jucá

Era um caminho
Quase sem pegadas
Onde tantas madrugadas
Folhas serenaram
Era uma estrada
Muitas curvas tortas
Quantas passagens e portas
Ali se ocultaram?
Era uma linha sem começo e fim
E as flores desse jardim
Meus avós plantaram
Era uma voz
Um vento, um sussurro
Relâmpago, trovão e murro
Nos que se lembraram
Uma palavra
Quase sem sentido
Um tapa no pé do ouvido
Todos escutaram
Um grito mudo
Perguntado: aonde
Nossa lembrança se esconde?
Meus avós gritaram
Era uma dança
Quase uma miragem
Cada gesto, uma imagem
Dos que se encantaram
Um movimento
Um traquejo forte
Traçado, risco e recorte
Se descortinaram
Uma semente
No meio da poeira
Chão da lavoura primeira
Meus avós dançaram
Uma pancada
Um ronco, um estalo
Mil trupés e um cavalo
Guerreiros brincaram
Quase uma queda
Quase uma descida
Uma seta arremetida
As mãos se apertaram
Era uma festa
Chegada e partida
Saudações e despedidas
Meus avós choraram
Onde estará aquele passo tonto?
E as armas para o confronto
Onde se ocultaram?
E o lampejo
Da luz estupenda
Que atravessou a fenda
E tantos enxergaram?
Ah, se eu pudesse só por um segundo
Rever os portões do mundo
Que os avós criaram…

Siba e a Fuloresta do Samba

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