jueves, 7 de octubre de 2010

Da fuga - Federico Garcia Lorca

Ao meu amigo Miguel Pérez Ferrero

Perdi-me muitas vezes pelo mar,\
o ouvido cheio de flores recém cortadas,\ a língua cheia de amor e de agonia.\ Muitas vezes perdi-me pelo mar,\ como me perco no coração de alguns meninos.\ Não há noite em que, ao dar um beijo,\ não sinta o sorriso das pessoas sem rosto,\ nem há ninguém que, ao tocar um recém-nascido,\ se esqueça das imóveis caveiras de cavalo.\ Porque as rosas buscam na frente\ uma dura paisagem de osso\ e as mãos do homem não têm mais sentido \ senão imitar as raízes sob a terra.\ Como me perco no coração de alguns meninos,\ perdi-me muitas vezes pelo mar.\ Ignorante da água vou buscando uma morte de luz que me consuma.

1 comentario:

Geovanna dijo...

Oi. taz bem? eu tenho um blog mais so uso a vezes eu venho sempre aqui no teu!
Beijo , te amo!